Sociedade

Mercado de Pombal: quem compra leva mais amor para casa

7 jan 2016 00:00

O mercado de Pombal reabriu ao público. A câmara apostou forte numa campanha a apelar ao sentimento: “não há amor como o primeiro”. É essa história que lhe vamos contar

Fotografia: Ricardo Graça
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Paula Sofia Luz

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Não há a Júlia Florista mas há a Edite, que se esconde atrás dos vegetais enquanto o patrão não chega. Também não consta que por ali andem a Rita peixeira ou o Chico pescador, pois que o Mercado de Pombal não é o da Ribeira, tão-pouco os vendedores são personagens de letras e fado.

É segunda-feira, 28 de Dezembro. Passaram apenas oito dias desde que o novo espaço foi inaugurado, ao fim de um ano em obras. Mas é uma história de amor a que se conta naquele canto da cidade, de tal modo que a Câmara apostou no sentimento para toda a campanha promocional, sob o lema “não há amor como o primeiro”.

Cá fora, no som de rua, hoje já não passa música de Natal mas canta Tony Carreira, para felicidade dos muitos emigrantes que, por estes dias, devolvem a Pombal toda uma vida. “Tem vindo muita gente agora nesta época. Mas daqui para a frente é que vamos ver”, diz Madalena Oliveira, enquanto ajeita frutas e legumes na banca que é o seu sustento há vários anos.

“Vim para aqui quando começou o euro. Na altura fiquei sem emprego e dediquei-me a isto”, conta ao JORNAL DE LEIRIA, ela que ao longo dos anos sentiu sempre o negócio a crescer, até à mudança de instalações, quando começaram as obras. Ainda assim, conseguiu fidelizar clientes que recebe agora com outras condições.

Ali perto está Edite Oliveira, que há seis anos vende flores. Têm sido bons dias para ela, também, assistindo ao regresso “de muitos clientes que tinham deixado de vir ao mercado”. “Acho que está muito confortável e acolhedor”, sublinha Edite, entre os molhos de cravos, rosas e gerberas que lhe inundam a banca.

Quem o viu e quem o vê. O mercado foi alvo de uma profunda intervenção e reabriu ao público completamente renovado, no dia 21 de Dezembro. “Este espaço que é nobre e marca histórias foi alvo de uma grande atenção por parte da Câmara Municipal”, sublinha uma nota da autarquia, que assim respondeu “aos anseios dos seus munícipes - reabilitou o mercado tornando-o mais atractivo, moderno e funcional, e melhorando as condições de trabalho dos comerciantes, produtores e do público final”.

As obras demoraram cerca de um ano (mais do que o previsto) e custaram cerca de 684 mil euros. A maioria dos vendedores e compradores acredita que valeu a pena esperar, já que o resultado final tem agradado a ambos.

Luís Maia de Carvalho é exemplo desse estado de alma que por ali paira. Ele que tantas vezes é crítico da forma como se faz o investimento público classifica o novo mercado como “uma boa obra. Gosto do que aqui foi feito”.

Está de saída da tabacaria Pereira e Ribeiro, uma das lojas que registam mais movimento naquela manhã de segunda. A história daquela família confunde-se com a do próprio mercado. “Estamos cá desde que abriu, em 1978”, conta Matilde Pereira, que divide os afazeres com o filho mais novo, Jorge.

Ela e o marido retornaram a Portugal um pouco antes, e ali se estabeleceram com o restaurante Pic-Nic, que ainda existe, mas sob a alçada de outros donos. E foi entre jornais, revistas e boletins de jogo que Matilde passou os últimas décadas, ao lado do marido. Gosta do espaço novo, não lhe poupa elogios, mas do que gostava mesmo “era de ter ficado do outro lado, onde estava dantes, e onde agora estão os talhos”.

São quatro, esses. Como o de António José – mais conhecido como tenente Rato, que usa como marca – atarefado em tempo de festas. Um desejo para 2016? “Que os clientes voltem ao mercado”.


 

Única crítica é às bancas para as hortaliças
Mais espaço para os legumes
“É um conforto. Não tem nada a ver com a humidade e frio que aqui se passava”, considera Maria Adelina Mendes, que todas as semanas vem da aldeia do Folgado, na freguesia da Pelariga, fazer as compras a Pombal.

Leva uma broa da padaria de São Simão, que a vendedora Maria Jorge lhe entrega, enquanto salienta as “condições de higiene, que certamente também chamam as pessoas”. Vende-se ali de tudo, mas são as bancas de fruta e legumes quem mais ordena.

É também daí que advém a única crítica ouvida aos comerciantes: “as bancas para as hortaliças é que não estão bem assim”, declara Maria Anabela Santos – “a Bela da fruta” - que ali trabalha há mais de 30 anos.

“Está tudo muito bonito, mas falta-nos espaço para expor a mercadoria”. Confia que essa lacuna ainda será resolvida, na sequência de uma reunião que os comerciantes tencionam agendar, entretanto, com os responsáveis da autarquia.