Sociedade

Na última década, há um criminoso a provocar ignições atrás de ignições na zona da Caranguejeira e Arrabal

22 ago 2023 20:37

Presidente do Município de Leiria deixava alerta esta tarde em reunião de câmara

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Caranguejeira tem sido um dos locais mais fustigados pelo fogo
Rui Miguel Pedrosa

"Há um criminoso” a provocar ignições na zona da Caranguejeira e Arrabal, que tem provocado vários incêndios, afirmou hoje Gonçalo Lopes, presidente do Município de Leiria, em reunião de câmara.

O autarca referiu que “ainda vamos ter muita surpresa sobre a autoria dos incêndios. A pessoa (ou as pessoas e não foi aquele que foi apanhado), que anda a fazer isso, no dia em que for preso, vamos ter mais paz nesta freguesia. Vivemos com um criminoso. Há um criminoso qualquer que vai para aquela zona provocar ignições umas atrás das outras todos os anos na última década”.

Na mesma reunião, o vereador com pelouro da Protecção Civil, Luís Lopes, também notou que “há um território que está sob ameaça”. “Usando o termo de estarmos em tempo de guerra, podemos chamar de terrorismo ou uma guerrilha ao que está a acontecer”, prosseguiu, alertando para o número elevado de ignições na zona da Caranguejeira e Arrabal, no concelho de Leiria, que confinam com Matas e Cercal, no concelho de Ourém, no distrito de Santarém.

O dispositivo pré-posicionado foi reforçado no terreno e a Polícia Judiciária e a GNR continuam a investigar eventuais suspeitos, informou Luís Lopes.

O vereador revelou ainda que a GNR pediu um “reforço às Forças Armadas, que previsivelmente será atendido amanhã, não sabendo ainda quantas equipas estarão disponíveis”. Durante estes dias, os militares têm feito “voos regulares com um drone em toda esta área”. Numa breve análise aos incêndios rurais deste ano, Luís Lopes revelou que até sexta-feira, no concelho de Leiria, tinham ardido 776 hectares.

O autarca referia ainda que, “com a severidade que temos, tem sido possível reduzir os danos provocados por este tipo de incêndio”, não havendo registo de nenhuma casa de primeira habitação ou indústria ardida.

Luís Lopes observava que a “tendência é ter menos incêndios no futuro, mas cada vez com maior severidade”, exemplificando com o caso do Arrabal, que fruto do projecto Aldeia Segura, Pessoa Segura e depois da criação da Unidade Local de Proteção Civil, esta freguesia registou zero ignições em 2022.

“Na freguesia da Caranguejeira, houve uma redução tendencial até 2013, mas agora assistimos a um acréscimo. No ano passado tivemos 20 ignições e este anos já vamos com 14. A área ardida é igual à de 2022 e ainda não concluímos o ano”, expôs, salientando que os três fogos registados este ano traduziram-se em 136 hectares de área ardida.

Ao somar os números de ignições das freguesias de Cercal e Matas, Luís Lopes destacou que o “número de ignições disparou para mais de 20, no ano passado”. E, referiu ainda, “se juntarmos as 20 da Caranguejeira, temos mais de 40 ignições em duas freguesias contínuas. Isto não é obra do acaso.”

Do seu ponto de vista, a resposta no terreno tem sido “mais eficiente” este ano, uma vez que “em anos anteriores, com o mesmo tipo de humidade relativa, combustíveis, temperatura e vento”, as áreas ardidas foram superiores. “Sossega-nos? Não. Continuamos a ter incêndios e o sistema não está a responder para evitá-los e não podemos esquecer que quase 80% das ignições são em três freguesias do concelho de Leiria. Isto é motivo de preocupação”, frisou.