Desporto

Nino e o “contrato vitalício” para jogar na Burinhosa

9 jan 2016 00:00

Quase a completar 41 anos, jogador brasileiro continua a fazer a diferença no futsal nacional.

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Quatro vezes por semana, depois de oito horas de trabalho no Louriçal, Wellington Almeida Medeiro entra no carro, transforma-se em Nino e percorre 50 quilómetros para poder fazer o que mais gosta: jogar futsal. 

Os colegas da Burinhosa até lhe podem chamar velho, velhinho ou tio, mas a verdade é que o atleta continua a ser sinónimo de golo, como sempre foi durante a década e meia que leva em Portugal. Mesmo que no dia 19 de Janeiro complete 41 anos e seja o jogador mais velho do campenato.

No passado sábado, a Burinhosa venceu o Leões de Porto Salvo por 7-5 e consolidou o terceiro lugar na Liga SportZone, em futsal. O destaque da partida foi... Nino, que marcou três golos e contribuiu de forma decisiva para a vitória do clube da freguesia de Pataias. À frente da equipa orientada por Kitó Ferreira estão só os gigantes de Lisboa.

Wellington Medeiro chegou a Portugal em 2001, oriundo do Estado de Goiás. Gostou tanto do País que acabou por casar com uma portuguesa e até já tem dois filhos.

Depois do primeiro ano no Instituto, em 2001/2, o brasileiro alinhou época e meia no Benfica, onde conquistou um campeonato e uma Taça de Portugal. Regressou ao concelho de Pombal por oito temporadas, jogou dois anos na Académica de Coimbra e está na terceira temporada na Burinhosa.

Por estes dias, a chuva começou a cair e a temperatura desceu. E o pivot, em vez de ficar em casa, com os filhos, no calor e à lareira, tem de se meter à estrada. “Custa, claro. Além do factor idade, que nem é o mais importante, custa ter de viajar depois de uma jornada de trabalho e ainda ter de treinar duas horas. O corpo queixa-se bastante”, admite.

No entanto, o atleta assume por inteiro a decisão que tomou. “No início da época, quando aceitei o convite, sabia que ia ser assim e que ia custar. Por isso, não tenho de me queixar.”

Nino sabe que o corpo não perdoa. “Antigamente, depois do jogo, saía e podia beber um copo. Hoje já não faço isso, tenho de me privar, porque a recuperação já não é a mesma.” Ainda assim, o momento em que pendura as chuteiras não está definido. “Todo os anos digo que é a última época e às vezes sinto mesmo que tem de ser. Sempre fui muito exigente comigo e quis andar no limite. Só que o meu limite já não é o mesmo, diminuiu, e tenho noção disso.”

Certo é que o goleador não se quer “arrastar” pelas quadras deste país. “Como costumo dizer, vou fazer um jogo de cada vez, mas sei que quando deixar me vai custar bastante. Gosto muito de futsal, adoro estar com os meus colegas e a vontade ainda é enorme.”

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