Sociedade

“Nunca recomendaria o voto numa pessoa como Sampaio da Nóvoa" - Cândido Ferreira

7 jan 2016 00:00

O médico, há anos radicado em Leiria, diz que o País precisa de um Presidente da República “popular e de afectos” e que “não tenha medo de ir para o meio do povo”. Lamenta que, em Portugal, os políticos andem ao “sabor dos ditames do marketing político.

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Maria Anabela Silva

Abandonou o debate televisivo na TVI entre os candidatos presidenciais em protesto contra o modelo escolhido.
O modelo é altamente discriminatório. Tem candidatos de primeira e de segunda. Mas a discriminação não começou agora. Desde que lancei a candidatura, em Abril, não tive um segundo de televisão ou em rádio importantes. O que atesta bem a maneira como foi criado um apagão em torno desta candidatura. Porquê? Porque ela afronta interesses, porque é diferente de outras e porque, de facto, marca a determinação de um conjunto de pessoas honestas e honradas, que sofrem todos os dias para melhorar as coisas à sua volta e que vêem este País cada vez mais podre e a destruir-se.

Falou de uma candidatura que afronta interesses. A que interesses se refere?
Enquanto o País real tenta levar as coisas para a frente, há uns que põem travões. Esses estão no BES, no Banif, no BPN, na Parque Escolar, nas privatizações da EDP e dos CTT. A alguns deles temos de pagar ordenados fabulosos, como se fossem grandes gestores, ou reformas milionárias. E, alguns, ainda recebem medalhas no Dia 10 de Junho. Este processo tem de ser interrompido a partir do exemplo da Presidência da República.

O que pode um Presidente da República fazer contra esse estado de coisas?
Um Presidente da República tem de ser um cidadão exemplar. Não pode ter rabos de palha nem telhados de vidro. Tem de dar o exemplo. A minha primeira preocupação será reformar a Presidência da República, que é caracterizada por um despesismo total e absoluto. Gasta hoje 180 vezes mais do que gastava no início. Tem mais de 600 funcionários e dezenas de automóveis ao serviço do actual e dos ex-presidentes. A Presidência da República custa a cada português oito vezes mais do que a Casa Real espanhola. Sou um gestor, que construiu uma das melhores empresas do distrito. Se for eleito, procederei à reforma da Presidência da República para conter brutalmente os custos. Não é para poupar alguns milhões de euros, mas para dar o exemplo às outras instituições, mostrando que é possível ter uma nova atitude perante o cidadão que paga os seus impostos e que merece ser respeitado.

Além da reforma da Presidência da República, propõe-se criar um Conselho de Estado Social em Belém. Com que finalidade?
Os políticos em Portugal andam ao sabor dos ditames do marketing político. Dizem uma coisa quando estão na oposição e outra quando estão no Governo. Não há consensos sobre nada. Isto impede planos estáveis e duradouros para o País trilhar. A sociedade não é só constituída pela classe política. A sociedade civil é fundamental. A ideia do Conselho de Estado Social é juntar pessoas pertencentes às universidades, às associações sindicais, empresariais e académicas, ao desporto, à cultura ou às ordens profissionais, que organizadas por sectores ou em plenário possam aconselhar o Presidente da República.

Entre outras razões, diz que se candidata para “devolver a dignidade” ao cargo de Presidente da República. Considera que o actual presidente o descredibilizou?
Um presidente que se afastou completamente dos portugueses, que, de forma inaceitável, serve os interesses de certos partidos, facções políticas e interesses económicos, como foi o caso do BES, é um presidente para esquecer. O problema é que não vejo em muitos dos candidatos que agora aparecem condições para fazerem melhor. Uns por falta de capacidades ou de habilidade política. Outros porque têm rabos de palha.

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