Viver
Palavra de Honra | Já não há paciência para os “calorosos debates futebolísticos”
Rui Borges Cunha, Técnico Superior na Câmara da Batalha
Já não há paciência... Quem sabe, muitas vezes não diz. E quem diz muitas vezes não sabe. Numa rápida alusão genérica aos nossos canais televisivos, especialmente nos calorosos debates futebolísticos que são transmitidos em simultâneo e em horário nobre, digam lá se é ou não verdade esta máxima? Mas também se aplica a muitos outros comentadores especializados do nosso País.
Detesto... O pior cego é aquele que não quer ver. Tanto haveria a dizer sobre este adágio, mas este espaço está limitado em caracteres. Saberão, por acaso, explicar-me porque razão desconfiará o santo quando a esmola é grande?
A ideia… Apressado come cru. Nem mais. A precipitação - ou a pressa para uma melhor adequação a este registo - nunca foram boas conselheiras. O problema é que nestes tempos em que vivemos, tudo é para ontem. Depois não nos queixemos.
Questiono-me se... Em terra de cego, quem tem um olho é rei. Mudaram-se os tempos e a importância de uma boa acuidade visual. Hoje em dia, e mesmo com os dois olhos em plenas funções, nem sempre o que vê melhor é efectivamente o rei. Mas no final, é a esperança a última que morre.
Adoro... Não adianta chorar sobre o leite derramado. Quem nunca ouviu esta bela expressão? Será, porventura, dos mais interessantes e bem conseguidos provérbios que se adaptam apagar às batidelas ocasionais nos pára-choques ou quando a máquina de lavar roupa tingiu aquela t-shirt que nos ficava a matar.
Lembro-me tantas vezes... Águas passadas, não movem moinhos. Pois não. Até porque sem água, a mó e o engenho não trabalham. No imediato, recordo-me de outra pérola: A mesma água nunca passa duas vezes debaixo da mesma ponte. Será assim mesmo?
Desejo secretamente... Deseja o melhor e espera o pior. É toda a sabedoria do nosso povo contida em menos de dez palavras. É pragmatismo e capacidade de antevisão. Já agora, para os mais incautos, nunca se deseja o que o olhar não veja.
Tenho saudades... Quem parte leva saudades, quem fica saudades tem. Que tamanha aplicação ganha este provérbio no nosso querido mês de Agosto com os emigrantes que, ano após ano, regressam ao nosso País. Curioso é saber que os provérbios também emigram, o que motivou mesmo a publicação de um artigo científico sobre esta temática pelo Departamento de Línguas e Literaturas Modernas da Universidade dos Açores, em 2013.
O medo que tive... Tens muito medo mas pouca vergonha. Fui só eu que em miúdo ouviu vezes sem conta esta enigmática expressão pedagógica? Não consigo é perceber o rigor e a aplicabilidade de quem tem vergonha cai de magro. Mas isto sou eu.
Sinto vergonha alheia... À noite, todos os gatos são pardos. Creio que neste caso, o PAN já deveria ter proposto uma alteração à redacção do adágio e quem sabe vertida em lei. Parece-me claramente lesiva e atentatória para os felinos. E não apenas para os que são pardos.
O futuro... Quem ri por último, ri melhor. É um clássico e figura certamente no top 3 destas frases prodígio. Mas será mesmo assim? Conheço alguns e algumas que mesmo rindo em primeiro lugar, ou estando sempre a rir-se, lá conseguem ir levando a água ao seu moinho.
Se eu encontrar... Antes de dar comida a um mendigo, dá-lhe uma vara e ensina-lhe a pescar. É de proveniência chinesa, é certo. Mas aplica-se-nos na perfeição. Já agora, saibam que a isca é que engana e não o pescador que tem a cana.
Prometo... De promessas está o inferno cheio. Verdade, verdadinha. E por essa razão, promessas leva-as o vento. Mas já não consigo concordar que as ditas não pagam dívidas. Pelo menos pelo que me vou apercebendo nalguns sistemas financeiros.
Tenho orgulho... O orgulho faz o burro achar-se cavalo. É verdade, e sem qualquer desprimor para o jumento. Burro é burro. Cavalo é cavalo e todos sabemos que a cavalo dado não se olha ao dente. Quer se trate de uma pechincha ou de um investimento mais arriscado, amigos, amigos, negócios à parte.