Sociedade

Português passa a ser ensino como língua estrangeira em Cabo Verde

12 dez 2016 00:00

Cada vez mais fragmentado depois do Acordo Ortográfico

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A ministra da Educação de Cabo Verde, Maritza Rosabal, anunciou que o Português passará a ser ensinado como língua estrangeira.

O anúncio vem ao encontro do desejo de muitos pais e encarregados de educação que há muito pedem que esta língua não seja ensinada como língua materna.

Isto pelo simples facto de as crianças “não entenderem o Português” ou, como disse uma aluna da 1.ª classe ao seu pai no fim do seu primeiro dia de aula, “papa um ca intende nada que quel senhora tava ta dze”.

A ministra explica o porquê da alteração. “A língua portuguesa é abordada como língua primeira de Cabo Verde, quando não é. Temos uma eficácia do sistema muito baixa, onde apenas 44% das crianças que começam o primeiro ano finalizam o 12º em tempo. Temos muitas perdas”.

Maritza Rosabal adiantou que entre os alunos cabo-verdianos a capacidade de leitura e interpretação e a proficiência linguística são questões que se colocam “com muita acuidade”.

“Toda esta duplicidade linguística afecta o processo. Reconhecemos que a nossa língua materna é o crioulo, mas como língua instrumental de trabalho e de comunicação temos de fortalecer a língua portuguesa”, sustentou a Ministra.

A responsável assinalou também “algumas dificuldades” de Cabo Verde na inserção no espaço lusófono.

“O Brasil exige provas de língua portuguesa aos nossos estudantes, o Instituto Camões exige provas de língua portuguesa o que quer dizer que apesar de estarmos no espaço lusófono, começamos a não ser reconhecidos como um espaço com proficiência linguística em português”.

Por isso, já no próximo ano lectivo, o ensino do português como língua segunda ou língua não materna começará a ser introduzido no Ensino Pré-escolar (4/5 anos) e no primeiro ano no Ensino Básico, estendendo-se depois progressivamente aos restantes anos do Primeiro Ciclo.

Neste momento, está em curso, segundo a Ministra, a elaboração dos materiais com o apoio do Instituto Camões que irá ainda dar assistência técnica na elaboração de metodologias, programas e desenvolvimento e alteração de currículos.

O protocolo envolve os Ministérios da Educação de Cabo Verde, de Portugal e o Instituto Camões.

Fonte: Lusa