Sociedade
Proibição de cruzar concelhos dificultou hora de encher a despensa
Municípios pequenos recorrem apenas ao comércio local
A antecipação em quase 24 horas da proibição de cruzar os limites de concelhos, no âmbito das medidas de contenção da pandemia da Covid-19, na Páscoa, deixou algumas populações limitadas nas suas opções de encher a despensa.
Com medidas cuja aplicação se estende ao longo de 11 dias, até 5 de Abril, os habitantes de municípios onde a oferta é menor estão obrigados a contar apenas com o comércio local, mesmo que haja grandes e médias superfícies a poucos quilómetros de distância.
A situação acontece essencialmente em territórios de baixa densidade populacional, como os do norte do distrito onde os principais operadores do comércio de retalho optaram por instalar as suas unidades em locais estratégicos de fronteira.
Na prática, isso significa que, com as regras actuais há concelhos onde a população ficou impedida de encher a despensa nas médias superfícies. “A população já tem como princípio ajudar o comércio local.
A maior parte dos habitantes do concelho já estaria preparada para estas medidas de confinamento”, refere a presidente da Câmara de Alvaiázere, Célia Marques. “É o preço da interioridade. No geral, embora tenhamos pequenas superfícies, o comércio local está a dar resposta”, assegura.
No entender de António Santos, 30 anos, especialista em Economia Monetária e Financeira, a população conforma-se perante a necessidade de fazer alguns sacrifícios para um bem maior. “Estamos algo limitados, mas temos oferta suficiente para as necessidades básicas.”
Natural de Alvaiázere, conta que, em “tempos normais”, a população do município prefere campanhas e descontos em grandes e médias superfícies de Coimbra, Tomar ou Leiria, o que agora é impossível.
Rute Filgueiras vive no concelho de Figueiró dos Vinhos, a menos de um quilómetro do Avelar, já no Município de Ansião.
No sábado, foi mandada parar pela GNR. Sabia que não podia atravessar a linha de concelhos, mas tinha a sua razão faz parte das excepções aceites pelas autoridades: dar assistência à mãe idosa, que vive do “outro lado da fronteira”.
“O guarda foi muito simpático e aproveitei para lhe perguntar se poderia ir a Pombal trocar um electrodoméstico, cuja garantia vai terminar antes do dia 5. Ele avisou-me que não o poderia fazer, tal como não podia ir às compras, apesar de viver muito perto da loja onde costumo ir, no Avelar.”
A alternativa para Rute é agora percorrer 15 quilómetros até Figueiró. Filipe Lopo habita em Castanheira de Pera e reconhece que a oferta comercial não é muita, embora lhe pareça suficiente. “Haverá quem arrisque a ir a outros concelhos às compras pelas estradas da serra. É costume irmos a Coimbra, Leiria, Figueiró ou Pedrógão Grande.”
“Temos cerca de uma dezena de estabelecimentos no concelho e serão suficientes para os habitantes”, assegura Nuno Miguel Henriques, adjunto da presidente da Autarquia, Alda Carva
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