Sociedade
PSD denuncia “caos” na saúde do distrito e aponta soluções
Ao nível dos cuidados hospitalares, os sociais-democratas defenderam que os autarcas “devem ser ouvidos” na definição da localização do novo hospital do Oeste.
“Caos” é a palavra escolhida pelos deputados do PSD eleitos por Leiria e pela comissão política distrital para definir o estado actual da saúde no distrito. O diagnóstico foi traçado no final de um conjunto de visitas e reuniões efectuadas durante o último mês, de norte a sul do distrito e que abrangeram várias áreas da saúde
O balanço foi apresentado esta tarde, numa conferência de imprensa, onde os sociais-democratas anunciaram algumas das iniciativas legislativas a apresentar na Assembleia da República com o objectivo de melhor o estado da saúde na região.
“A primeira palavra que sobressai para descrever os cuidados primários e hospitalares no distrito é 'caos'”, afirmou Hugo Oliveira, deputado e presidente da distrital do PSD, que aponta a falta de médicos de família como um dos principais problemas. Porto de Mós, Óbidos, Bombarral e Alcobaça são, segundo o levantamento dos sociais-democratas, alguns dos concelhos onde a situação mais se tem agudizado.
Hugo Oliveira referiu os caso de Arrimal e Mendiga, no concelho de Porto de Mós, há meses sem médico de família, e de São Martinho do Porto, em Alcobaça, onde existem “pessoas sem qualquer consulta de acompanhamento há três anos”.
Ao nível dos cuidados hospitalares o quadro é também de “caos”, denuncia o PSD, com fecho “mensais, para não dizer quinzenais ou semanais” das urgências de Leiria e de Caldas da Rainha, onde “não há capacidade de resposta aos utentes do distrito”. Os sociais-democratas chamam ainda a atenção para os atrasos nas consultas de especialidade.
Só no Centro Hospitalar de Leiria, existem “17 mil utentes que ultrapassaram o tempo máximo de resposta garantida” para esse tipo de consultas, salientou Hugo Oliveira, dando como exemplos as áreas da Neurologia e da Endocrinologia que registam atrasos de 665 e 525 dias, respectivamente.
“É certo que a pandemia agravou a situação”, mas “não pode ser desculpa para tudo”, defendeu Hugo Oliveira, que considera também “fundamental” ampliar o hospital de Leiria, que está “sem capacidade de reposta” para a população que serve actualmente, a rondar os 400 mil habitantes, “bastante acima” dos 230 mil para que foi projectado.
Os deputados do PSD eleitos pelo distrito vão agora enviar um conjunto de perguntas ao ministro da Saúde, questionando a tutela sobre as medidas que pensa tomar para resolver os problemas identificados, incluindo também a situação dos atrasos na emissão de certificados de incapacidade multiusos que “só em Leiria afectam mais de 4000 mil pessoas”.
Ainda ao nível dos cuidados hospitalares, os sociais-democratas defenderam que os autarcas “devem ser ouvidos” na definição da localização do novo hospital do Oeste.
A par das perguntas, os sociais-democratas entregaram na Assembleia da República um conjunto de projectos de resolução com várias propostas. Uma delas passa pela criação, em regime de projecto-piloto, de um serviço de atendimento para doentes crónicos frequentemente agudizáveis a funcionar em regime de hospital de dia e que abranja patologias como a insuficiência respiratória e cardíaca. “São doentes que têm com frequência episódios agudos e que, como não consegue consulta, recorrem à urgência”, explica Maria do Céu Mendes, que integra a distrital do PSD.
Os sociais-democratas propõem ainda a criação de equipas médicas de intervenção comunitária, destinadas a doentes institucionalizados, a funcionar “24 horas por dia, com médico internista e enfermeiro”. “Reduziam-se as idas à urgência destes doentes e aumentava-se o conforto”, alega Maria do Céu Mendes.
A criação de um Serviço de Urgência Básica na Marinha Grande, que possa também servir freguesias vizinhas dos concelhos de Leiria e Alcobaça, como Maceira, Pataias e Martigança”, é outra das propostas do PSD.
Reconhecendo a dificuldade de fixar médicos, que tem sido evocada pelo Governo, os sociais-democratas admitem que as recentes medidas anunciadas pela tutela, que prevê, por exemplo, incentivos para clínicos que se deslocam para o Interior, são “um caminho”, mas “já vêm atrasadas” e “não são suficientes”.
Hugo Oliveira recorda que o programa eleitoral do PSD previa a contratualização com entidades privadas como solução “transitória” para garantir médico de família a todos os portugueses. “Só a ideologia pode barrar essa solução”, lamenta.