A comédia dos coitadinhos 

Isto está mau. Mau não, péssimo. Habitualmente sou um tipo bastante optimista, mas bolas… a coisa está negra. São mesmo 50? Foi mesmo um milhão? Há assim tanta gente tão egoísta, mesquinha e miserável num país tão pequeno? E agora? Como é que se dá a volta a isto? Como é que se evita que na próxima seja ainda pior?

Dizem-nos que é preciso entender, que as pessoas querem protestar, abanar o sistema, que, basicamente, coitadinhos, não têm culpa e não podem ser responsabilizados. Querem, até, convencer-nos que a culpa é da Democracia, essa sacana, que está podre e mais não sei quê. Que Abril nunca se cumpriu e, portanto, como é óbvio, a revolta que daí advém teria mais cedo ou mais tarde de transformar-se numa nova apologia do que o próprio do Abril derrotou.

De facto, coitadinhos. Não sabem bem no que votaram. Aliás, estavam a brincar. Só queriam pregar uma partida marota ao cunhado esquerdalha e às gajas lá do trabalho sempre armadas em espertas, que agora já não se lhes pode dizer nada. E aquele pessoal que foi lá para fora lutar por uma vida melhor e que não tem culpa de não saber a “diferença” entre emigrantes e imigrantes? Ah malandros. Uns brincalhões, pá.

Aliás, Portugal, como bem sabemos, é uma comédia. Porque é que nisto da Democracia havia de ser diferente? Se aquilo na Assembleia com 12 já era um constante rir para não chorar, imaginem agora. Um fartote. Quem gosta muito é aquela malta dos programas de televisão anteriormente conhecidos como espaços de informação, telejornais e afins. Outros coitadinhos.

Sem culpa nenhuma no cartório e anda sempre aí uma malta cubano-venezuelana-coreana a acusá-los de tudo e mais um par de botas. Nem sequer estão a esfregar as mãos com as audiências que os tais abanadores-do-sistema-que-não-podem-ser-responsabilizados lhes vão dar durante as infinitas horas que continuarão a dedicar-lhes nas próximas semanas, meses, anos…

Nem é bem esfregar as mãos, é mais afagar os gatos sentados nos seus colos… Uma comédia este Portugal. Uma comédia.