Opinião
Defender a maioria
A vacinação, mais do que um direito individual, é uma obrigação coletiva
Pode parecer política, mas não é. Têm aumentado os grupos extremistas (novamente, não é política), que se opõem a uma das mais importantes conquistas societais de todos os tempos. A vacinação. Estes grupos insurgem-se contra a vacinação e incentivam outras pessoas ao mesmo. As redes sociais são, para isso, suas aliadas.
Ainda que a liberdade de expressão, uma também muito importante conquista societal, suporte esta sua liberdade de se manifestarem, falta que, na mesma medida, se defenda a maioria. Todas as pessoas que entendem, e praticam, a importância da vacinação. Porque vacinar é o maior ato cívico de todas as medidas de saúde.
A diabetes ou a hipertensão, duas das mais frequentes doenças que nos assolam, são por vezes designadas como epidemias, mas a verdade é que não o são, na verdadeira essência da palavra, porque não se transmitem diretamente aos outros, não são infeciosas. Já as doenças que se previnem com a vacinação são. Infecciosas. Transmitem-se aos outros. Matam! Rápida e violentamente. E por isso, a vacinação, mais do que um direito individual, é uma obrigação coletiva. Porque ao proteger-me a mim, ou ao meu filho/a, estou também a proteger as pessoas à minha volta, ou à volta dele/a.
E sendo certo que há uma proteção de grupo (grosso modo, se em 10 pessoas só 9 estiverem vacinadas, a que não está vacinada fica também protegida contra a infeção para a qual aquelas 9 pessoas à sua volta estão vacinadas), é também certo que se essa proporção se desequilibrar, as pessoas não vacinadas vão começar a morrer com infeções que já não fazem sentido algum nos dias de hoje.
São disso exemplo os surtos de sarampo a que infelizmente temos assistido nos últimos tempos, aqui tão perto de nós. Uma vergonha para uma sociedade evoluída. E é por isto que é preciso defender a maioria. As pessoas que acreditam e praticam a vacinação.
Em resposta aos manifestos dos oponentes à vacinação, é preciso responder com factos e evidências que atestam a segurança dos medicamentos mais testados do mundo. As vacinas. Que salvam milhões de vidas. Que erradicaram, por completo, uma doença no mundo inteiro (a varíola).
Inegáveis as vantagens da vacinação. Não são inócuas. Não. Como nenhum medicamento é. E por isso, para quem não quer vacinar os filhos, dizer que o paracetamol, que tanto usam para lhes debelar a febre, tem muitos mais efeitos adversos que as vacinas de que os privam. Fica a ideia. Defendamos, todos, esta maioria importantíssima. Obrigada a quem o faz!