Opinião

Festa nas Fontes

12 jul 2025 10:27

Louvam-se, uma vez mais, os préstimos de quem desenvolveu o conceito do Nascentes, de quem o financia, e sobretudo de quem o acolhe nas suas hortas, eiras, adegas e garagens

A descoberta das Fontes como local de convívio trans-geracional inter-classista continua a marcar a entrada no Verão. Louvam-se, uma vez mais, os préstimos de quem desenvolveu o conceito do Nascentes, de quem o financia, e sobretudo de quem o acolhe nas suas hortas, eiras, adegas e garagens.

A ligação entre a inóspita serra e o vale fértil encontra-se traduzida no casario das Fontes. A explosão subcutânea de água afasta a aldeia das surribas, das pedras e dos tojos que bloqueiam a entrada nas serranias. Hoje, velhos casarões transformam-se em cafés e salas de pasto, pequenas habitações entram no negócio do Alojamento Local, e novos vizinhos arriscam instalar-se neste recôndito enclave. Diferentes fluxos, diferentes tempos e actores transformam a aldeia num território novo, alicerçado em antigas vizinhanças e outras novas alianças.

O que vem sendo feito com o Nascentes concretiza esta visão, destacando a aldeia e as pequenas várzeas circundantes como zonas em efectivo desenvolvimento. Neste caso, não foi preciso alcatroar, vender, nem oferecer salas climatizadas aos visitantes, para que a aldeia se anime. É bom encontrar tanzanianas, dinamarqueses, e até espanhóis, nas nascentes do Lis.

Estes visitantes podem connosco falar, tocar, cantar, ou inventar qualquer coisa, junto às entranhas da Serra. Não sei quanto tempo durará esta nova festa das Fontes, mas os últimos anos foram sempre inspiradores. Não consigo imaginar como este encontro se irá (ou não) desenvolver, mas espero continuar a passar por lá, no início de cada Verão.