Opinião
Mudar de Rumo – A Concorrência
Ora, a melhor forma de defender os serviços públicos está em os qualificar, monitorizando a sua qualidade e eficiência e controlando os seus custos, o que dificilmente pode ser feito sem haver alguma forma de concorrência.
A economia de mercado é indissociável da concorrência, podendo dizer-se que não há economia de mercado quando não há concorrência. Trata-se de um problema mal resolvido na política portuguesa, nomeadamente nos partidos que defendem a intervenção do Estado na economia, o que em si não seria um problema, mas que o é a partir do momento em que protegem o Estado de toda a concorrência, desprezando, por razões ideológicas, os custos comparativos entre serviços de qualidade equivalente. Acontece na saúde, na educação e em quase todos os outros serviços prestados pelo Estado.
Ora, a melhor forma de defender os serviços públicos está em os qualificar, monitorizando a sua qualidade e eficiência e controlando os seus custos, o que dificilmente pode ser feito sem haver alguma forma de concorrência. Por isso chega a ser patética a maneira como são tratados os recursos financeiros, como se não houvesse limite para a despesa, ou, como os partidos parecem acreditar, que é sempre possível ir buscar mais dinheiro aos que o têm, mas sem levar em conta a necessidade de investimento, a inovação e a iniciativa individual. E tudo isso num planeta em que o movimento de capitais é livre e instantâneo. Repito, essa não é a melhor forma de credibilizar os governos, nomeadamente os de esquerda, nem de defender a superioridade dos serviços públicos relativamente à actividade privada, já que nas economias abertas a concorrência internacional pelos recursos impõe regras.
Digo-o, apesar de reconhecer que a existência de paraísos fiscais introduz um evidente vício na economia de mercado e, por isso, defendo o combate a todas as formas de fuga aos impostos e o controlo dos movimentos de capitais, sem o que a democracia fica em perigo.
*Empresário
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