Opinião

O peso do luto

10 jun 2024 08:00

Apesar do luto ser uma jornada pessoal que cada pessoa experimenta de forma única, geralmente segue algumas etapas comuns

O luto é um processo que todos enfrentamos em algum momento da vida, que envolve dor e diversos desafios, mas já parou para pensar sobre o que realmente significa passar pelo luto? Sobre o peso da perda? Vamos então desvendar os mistérios do luto, explorar a sua complexidade e, mais importante, formas para encontrar esperança no meio da escuridão.

O que é o luto?

O luto é uma resposta natural e complexa a uma perda significativa, geralmente associada à morte de um ente querido, mas também pode ser experimentada em resposta a outras perdas, como o divórcio, perda de emprego, da saúde física ou mental, ou mesmo mudanças significativas na vida. Luto é lidar com perdas!

No luto é normal sentir tristeza, confusão, raiva, culpa, choque, negação e até mesmo alívio em alguns casos. É como se se estivesse a passar por uma tempestade emocional.

Apesar do luto ser uma jornada pessoal que cada pessoa experimenta de forma única, geralmente segue algumas etapas comuns.

Quais são as etapas do luto?

Na década de 60, Elisabeth Kübler-Ross propôs o modelo das 5 etapas do luto, que ajuda a compreender as emoções comuns vivenciadas durante o processo de luto. As etapas do luto são:

1. Negação: No início, tem-se dificuldade em acreditar e aceitar que a perda aconteceu. Parece que se está num pesadelo do qual se quer acordar.

2. Raiva: Depois, muitas pessoas vivem sentimentos de raiva e ressentimento, que podem ser direcionados para si mesmo, para outras pessoas, para o falecido ou até mesmo para Deus. Também existem questionamentos do tipo “porque isto aconteceu comigo?”.

3. Negociação: Nesta etapa tenta-se negociar, consigo mesmo, com outras pessoas ou até mesmo uma força superior, na tentativa de reverter a perda. Podem ter-se pensamentos como “se ao menos eu tivesse feito algo diferente” ou “se ao menos pudesse trazer a pessoa de volta”.

4. Depressão: À medida que a realidade da perda se instala, muitas pessoas experimentam sentimentos de tristeza profunda, desespero e desânimo. Às vezes, é difícil sair da cama ou fazer atividades que antes eram prazerosas.

5. Aceitação: na fase final, a pessoa começa a aceitar a perda e a ajustar a sua vida sem a presença da pessoa ou do que perdeu. Não significa que a dor desapareça, mas sim que a pessoa encontra uma maneira de seguir em frente.

É importante perceber que nem todas as pessoas passam por estas etapas e que estas também podem ser experimentadas numa ordem diferente. O tempo do processo de luto também é variável, há processos que demoram semanas, meses ou até anos, enquanto outras pessoas podem experimentar momentos de tristeza ao longo da vida.

Então, como se pode superar/lidar com o luto?

Não existe uma fórmula mágica, mas existem diversas estratégias que podem tornar este processo mais saudável e tolerável, tais como:

• Permitir-se sentir todas as emoções que surgem durante o luto, seja tristeza, raiva, culpa ou até mesmo alívio. Não existe uma forma certa ou errada de se sentir.

• Procurar apoio de amigos, familiares ou de um profissional de saúde mental (psiquiatra e/ou psicólogo). Conversar sobre sentimentos pode ser uma mais-valia.

• Praticar autocuidado (comer bem, dormir o suficiente, fazer exercício físico, meditação, passear, fazer algo que se gosta).

• Encontrar formas de lembrar e homenagear a pessoa ou coisa que se perdeu. Pode ser através de fotografias, cartas, fazer uma doação ou plantar uma árvore em sua homenagem.

• Criar rituais ou cerimónias de despedida, tais como, participar em funerais ou criação de um espaço memorial em casa. Pode ajudar a proporcionar uma sensação de encerramento.

• Procurar informações sobre o luto. Entender o processo de luto pode ajudar a lidar melhor com os próprios sentimentos e a perceber que as próprias reações são normais.

É importante lembrar que o luto não é apenas sobre dor e despedida, mas também é um processo em que se descobre e desenvolve resiliência. Apesar de não ser fácil, é possível, com o tempo, as feridas cicatrizarem e encontrar-se de novo conforto.

Juntos, Melhoramos.