Opinião
Huma/Imu/nidade
Para os que ficam e que ficam a sofrer as dores insuportáveis de ver partir os que amam e conhecem: a vida vai continuar
Que somos e que não temos. Recentemente, quer por terras leirienses quer nacionais, temos sido confrontados com a realidade de quem parte cedo demais. E de forma trágica e repentina. E a verdade é que, ficar lá para sempre, ou ter a sorte de escapar, não é mais do que isso mesmo. Sorte.
Mais do que desígnio de Alguém.
À medida que a vida nos acontece vamos tendo a experiência dessa finitude que nos provoca e angústia. Porque nada nos distingue dos que, por vezes, conhecem esta quebra na linha da vida. São mais ou menos jovens. Têm carreiras. Têm filhos. Têm história e muitas histórias vividas e tantas que ficam por acontecer.
Aos que ficam a inquietação gerada e nunca respondida. Aos que partem o bilhete sem retorno para este local de partida.
Uns e outros confrontados com isto que conhecemos como vida, consolados pela hipótese que isto seja apenas uma ténue e simples imagem dum existir bem maior. E as amarras do tempo e do espaço um ponto de passagem “insignificante”. Escrevê-lo não é fácil, vivê-lo como certeza, ainda mais complicado. Seremos, de facto, um grão de areia no universo. Acabados de chegar, tendo em conta os anos desta engrenagem maior.
A quem ainda é dado viver, a certeza de que cada segundo conta, e conta mesmo! E na dúvida do que estiver por vir, o imperativo de sugar cada momento na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza, até que… outra realidade nos apanhe!
O meu Deus me perdoe, mas é um gosto ter a sorte de continuar a existir. Aqui e Agora. Assim como acredito ser um Admirável Mundo Novo o que um dia havemos de conhecer: celebração da nossa humanidade e potenciação de todas as nossas imunidades.
Para os que ficam e que ficam a sofrer as dores insuportáveis de ver partir os que amam e conhecem: a vida vai continuar. E, juntos, temos o encargo de continuar este caminho em que algumas respostas nos falham e, se pudéssemos, faríamos acontecer diferente. Nem que fosse voltar uns dias atrás e alterar o que sabemos ter acontecido.
Beijos e abraços a todos nós que ainda o podemos (e devemos) fazer!