Opinião

Sinodalidade, a quanto obrigas!

18 jun 2024 10:18

Os tempos são de humildade e esta é bem capaz de ser uma das faces dessa sinodalidade que abre portas, faz e recebe propostas

Tempos a tempos, temos o privilégio de ser presenteados com conceitos nascidos em âmbito eclesial que depois perpassam para as dinâmicas civis. Ainda não é o caso, e por o não ser ganha relevância a respectiva desmistificação e construção a que inspira.

O termo, já presente no título, é o de sinodalidade e até os mais descrentes deste ou de qualquer outro mundo terão já ouvido a expressão e momento que especifica.

Numa clarificação de conceito breve e simples, diremos que é o caminho comum ou o caminho que se procura e encontra fruto da cooperação.
Termo amplamente usado em contextos eclesiais quando se queria e quer sublinhar reuniões de alguns quadros com a missão de reflectir sobre a mudança. Antes a questão estava reservada a bispos e cardeias. Mais recentemente a questão democratizou-se e a preocupação é que se junte o Povo de Deus na sua diversidade. Clero, Religiosos, Leigos.

A nossa Diocese tem enveredado por estes novos caminhos. E com maior ou menor sucesso, tem-se tentado que essa participação mais transversal tenha trazido reflexões, análises, opções e decisões fundamentadas naquela que se entende poder ser a vontade de Deus para os tempos que correm.

Partilham-se dois momentos recentes em que essa mesma sinodalidade inspirou iniciativas que convém pontuar. Não pelo medo do esquecimento, mas porque foram momentos únicos com relevância e notoriedade exterior.

Verão passado. O dia na cidade de Leiria que acolheu os jovens que estavam a participar nas pré-jornadas da juventude, Faith & Fun assim se chamou, começou a ser desenhado por uma equipa que, antes de mais, optou por reunir-se com um grupo disperso de crentes e ex-crentes, que se acreditava terem sensibilidade para partilhar e participar no desenho de acolhimento e celebração que depois se veio a concretizar.

Mais recentemente, e esta semana é notícia, a celebração do Centenário do CNE na nossa região de Leiria, começou por reunir numa manhã de sábado a equipa responsável com uma panóplia de leirienses de vários quadrantes a solicitar-lhes ideias fruto das suas sensibilidades. Algumas dessas partilhas e sugestões são hoje programa para o ano que se inicia e se anunciou programaticamente.

Dois momentos da mais pura sinodalidade. Abertura a quem connosco vai convivendo, mesmo não sendo, já não sendo ou ainda não sendo… dos “nossos” santos e imaculados.

Os tempos são de humildade e esta é bem capaz de ser uma das faces dessa sinodalidade que abre portas, faz e recebe propostas. Em Leiria temos a sorte de ter muita gente… ainda disponível. Alguma, fora das portas das nossas igrejas.