Opinião
O tempo que foge, a malta que não se anima
Quando vejo marcas de carros a apropriarem-se das mensagens que gritamos nas ruas há anos - “não há planeta b”, “make earth cool again” - já posso dizer que o ambiente virou moda!
O tema é o mesmo, e suspeito que cada vez mais será… Quem no seu perfeito juízo deixa de soar o alarme quando a emergência persiste?
Sim, a emergência climática tira-me o sono, e o que eu quero é que o resto do mundo acorde também da apatia em que se encontra!
Não tem sido fácil, mas começo a ver sinais de que a inquietação se poderá generalizar em breve.
Nada como as desgraças de grandes proporções baterem à porta dos países ditos civilizados (ou ricos, como dizia a senhora alemã que achava que estas coisas só aconteciam aos pobres) para nos pôr a todos a fazer contas à vida!
Quando vejo marcas de carros a apropriarem-se das mensagens que gritamos nas ruas há anos - “não há planeta b”, “make earth cool again” - já posso dizer que o ambiente virou moda!
Ainda bem. Já não era sem tempo.
Sim, porque o tempo está mesmo no nosso encalço, e tudo aquilo que poderia resultar com a calma e fé na educação e na evolução lenta mas constante da humanidade, terá de resultar em menos de uma década.
Não nos faltam mentes brilhantes capazes de imaginar soluções alternativas - algumas das quais até nos poderão ajudar a manter alguns dos confortos de que temos tanta dificuldade em abdicar; também não falta informação concreta, quantificada, revista e comprovada sobre quais a ameaças que nos toldam o futuro; tampouco escasseiam orientações, estratégias e planos à espera de ser postos em prática - mesmo que radicais, mesmo que dolorosos.
O que falta, mesmo, é vontade política para tomar as decisões - é acabar com a incongruência de assinar tratados e metas internacionais de redução de emissões de gases de efeitos de estufa com uma mão, ao mesmo tempo que, com a outra, se assinam decisões que permitem mais uma desflorestação, mais uma exploração de gás, mais uma política agrícola, energética ou de mobilidade desastrosas.
Na autarquia, na nação, na Europa, no mundo.
E para acontecer o que falta acontecer, nos dias da governação via rede social e outros meios mediáticos, o que faz falta é tão somente isto: que todos queiramos, verdadeiramente, saber.
Como dizia o enorme Zeca, o que faz falta é animar a malta!