Opinião
“Uberização”
Nós, tal como os taxistas, nada podemos contra a “uberização” do mundo, em grande parte porque já ninguém quer saber dos problemas alheios nem tão pouco das expectativas dos outros, ainda que legítimas.
Temos assistido um pouco por todo o lado, e recentemente em Portugal, a tentativas desesperadas de fazer parar a inexorável marcha do progresso. Desta vez foram os taxistas. Porventura ninguém na classe, nem nenhum dos seus representantes, parou para refletir acerca das probabilidades de sucesso da sua luta, que, logo à partida, eram praticamente nulas. Basta pensar nas empresas de dimensão mundial que há vinte anos atrás fabricavam máquinas de escrever, como a Olivetti e outras.
Apesar de serem gigantes industriais foram colocados sob a impiedosa e muito apertada possibilidade de se adaptarem à computação ou morrerem. Não havia outra saída, como o futuro lhes veio cruelmente a provar. Os programas espaciais americano e soviético já haviam demonstrado que os computadores eram imprescindíveis quer nos foguetões da conquista do espaço quer nos mísseis dos respetivos arsenais bélicos.
Nós, tal como os taxistas, nada podemos contra a “uberização” do mundo, em grande parte porque já ninguém quer saber dos problemas alheios nem tão pouco das expectativas dos outros, ainda que legítimas. Que interessa ao cidadão comum se o taxista investiu todo o seu dinheiro numa viatura ou se o seu emprego fica em perigo?! O que interessa aos consumidores é apenas aceder a bens de consumo melhores e mais baratos ainda que outros fatores, também importantes, possam mais facilmente ser negligenciados, como a falta de seguro adequado ou o menor controlo sobre o cumprimento de requisitos para a o exercício da profissão.
Mas, como os impérios são por definição efémeros, cada vez mais, também chegará a vez da Uber. Se o projeto da Tesla Motors for por diante, e tudo indica que irá, a curto prazo os nossos “táxis” serão veículos elétricos não tripulados, controlados por computador, aliás à imagem do que está já a acontecer, em grande escala, nos transportes ferroviários norte-americanos.
*Candidato a deputado nas Legislativas
*Texto escrito de acordo com a nova ortografia
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