Editorial

Vale a pena sensibilizar? 

15 fev 2024 08:02

Continuam a registar-se abusos incompreensíveis, sobretudo nas zonas mais centrais das nossas cidades, com automóveis estacionados em locais destinados aos peões

Foi em Alcobaça, mas podia ter sido em Leiria, na Marinha Grande, em Pombal ou nas Caldas da Rainha. Na semana passada, em mais uma acção enquadrada no policiamento de proximidade e de trânsito, várias equipas da PSP foram para a rua, acompanhadas de alunos com mobilidade reduzida e multideficiência, sensibilizar os automobilistas, para não estacionarem em locais reservados a deficientes e passagens destinadas a peões, como passeios ou passadeiras.

Não é uma iniciativa inédita, muito pelo contrário. Às autoridades policiais têm-se juntado as associações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência motora, não só para identificar e exigir a eliminação das barreiras arquitectónicas que ainda vão existindo em zonas urbanas e edifícios públicos, mas também para denunciar o comportamento de alguns condutores, pouco ou nada preocupados com a mobilidade dos cidadãos.

E se é verdade que se têm conseguido progressos significativos na melhoria das acessibilidades aos espaços e serviços públicos, não é menos verdade que continuam a registar-se abusos incompreensíveis, sobretudo nas zonas mais centrais das nossas cidades, com automóveis estacionados em locais destinados aos peões. Quem precisa deslocar-se numa cadeira de rodas ou circular com um carrinho de bebé sabe bem do que estamos a falar.

E a questão aqui é: vale a pena continuar a sensibilizar? Partindo do princípio de que quem comete este tipo de infracções revela uma total falta de respeito pelas regras e pelos direitos dos outros, não faria mais sentido intensificar a fiscalização e declarar tolerância zero a este tipo de infractores?

Sem colocar em causa o mérito das campanhas de sensibilização, não seria mais eficaz a entrega de um talão com uma multa ao invés de se distribuir um folheto com apelos ao cumprimento da lei?