Sociedade
25 de Abril: revolta de uma juventude contra as muralhas de um País enclausurado
Espírito da Revolução dos Cravos não pode morrer.
Quarenta e cinco anos passaram desde a revolta dos militares portugueses contra o regime de ditadura, que impulsionava uma guerra que ninguém entendia. A população, analfabeta e pobre, vivia com medo e sem esperança.
Desconheciam outras realidades, porque Portugal vivia virado para si mesmo, impedindo que o conhecimento além-fronteiras penetrasse no País e mostrasse aos cidadãos que o mundo não era a preto e branco.
Aliás, Portugal, que tem das democracias mais jovens da Europa, continua a tentar recuperar desesperadamente de um atraso que resultou da insularidade vivida na ditadura.
Amílcar Coelho, doutorado em Filosofia Contemporânea (especialidade de Filosofia da Educação) e um dos que acompanhou Salgueiro Maia na revolução, afirma que os jovens de hoje “não são diferentes” daqueles que lutaram para que democracia vingasse.
“Podem ter mais tecnologias, mas os objectivos são idênticos e, no fundo, querem ser felizes. Para isso não podem estar muralhados, como sucedia antes de 1974. Portugal vivia uma insularidade, ignorando o que se passava no mundo.”
Os filhos do 25 de Abril não experienciaram a falta de liberdade. O JORNAL DE LEIRIA quis perceber se os jovens de hoje têm noção do que foi a revolução, quais os direitos conquistados e que causas os levaria a arriscar a vida.
A liberdade de expressão foi para os inquiridos a maior conquista de Abril. Apesar de salientarem que a paz é o caminho para os problemas, apontam o sofrimento como uma das razões mais fortes para se revolucionarem (páginas 4 e 5). Será que as novas tendências mais extremistas podem conquistar jovens descontentes com a situação actual que se vive na Europa, pelo facto de não terem vivenciado a opressão e a censura do regime de António Oliveira Salazar?
“As ideologias populares são mais fáceis. Não dão oportunidades, mas são uma ilusão de que tudo está bem”, afirma Amílcar Coelho, 65 anos, que acrescenta que “esta sedução é extremamente perigosa”, embora acredite que “mais tarde ou mais cedo” os jovens “vão acordar”.
O filósofo, que integrou o esquadrão de Salgueiro Maia, acrescenta que estas ideologias são “um sinal de alarme”. Tal como há mais de 45 anos, começa a viver-se um “fechamento e já se verifica em alguns países actos de violência”.
Também Saul Fragata, militante do PCP, admite que estas novas correntes podem ser “um risco”, mas sublinha que “o maior perigo é o alheamento” dos jovens e considerarem que “os partidos são todos iguais”.
“São os responsáveis políticos que têm culpa do desinteresse desta geração. Depois há eleições e os jovens, ou não vão votar, ou seguem o que está na moda. Isso é um perigo”, reforça, acrescentando, con
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