Economia
Algas plantadas nos recifes farão florescer pesca na Nazaré
Projecto da Hope Zones Foudation para os recifes artificiais colocados no mar em 2010
Instalados na enseada da Nazaré em 2010, com o objectivo de promover a biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos, os recifes artificiais preparam-se para acolher novas inquilinas, uma plantação de algas Laminaria ochroleuca. Dentro de poucos anos, espera-se que estas tenham contribuído para aumentar a quantidade e a variedade de espécies de peixes no local, contribuindo para a dinamização da pesca tradicional e para a diversificação da oferta turística.
Foi neste sentido que o município aprovou, na semana passada, a parceria com a Hope Zones Foudation, presidida por João Macedo. Reconhecido surfista de ondas gigantes e apaixonado pela Nazaré, João Macedo explica ao nosso jornal que a sua associação identifica e estimula “zonas de esperança”, com forte interacção entre terra e mar, onde o propósito é colocar em marcha projectos de cariz ambiental, que, ao mesmo tempo, sejam promotores da economia local.
Nazaré é um dos locais onde a associação já começou a intervir, e onde, à luz desta parceria, pretende fazer mais. No ano passado, com o apoio de escolas, a Hope Zones Foudation recolheu cerca de duas toneladas de lixo do Porto da Nazaré, que foram entregues a uma estação de valorização e tratamento de resíduos. O objectivo é que os resíduos sejam cada vez mais transformados em matéria-prima de indústrias, salienta o surfista.
Mas a meta mais ambiciosa, conta o presidente, será agora plantar algas, nas zonas dos recifes artificiais que se afigurem mais apropriadas, de forma a que, dentro de “três ou quatro anos”, toda essa biomassa tenha aumentado, fazendo diversificar as espécies de peixes.
Este projecto-piloto será levado a cabo com o apoio de uma empresa especializada na replantação de algas em zonas costeiras, com o suporte científico de uma associação, refere o dirigente. Desta forma, a Hope Zones Foudation pretende impulsionar a pesca tradicional, ajudar a valorizar o ofício, ao mesmo tempo que a abundância e a variedade de peixes pode captar turistas interessados nas experiências de mergulho.
Complexo de 1050 módulos
Em 2010, a Câmara da Nazaré e o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar desenvolveram o projecto Viver o Mar (investimento superior a 1,2 milhões de euros, com comparticipação de fundos comunitários), que incluiu a instalação de recifes artificiais, e que teve o Politécnico de Leiria entre os seus parceiros. A infra-estrutura foi colocada entre a foz do Rio Alcoa e a Praia do Salgado, a uma profundidade entre os 20 e 23 metros.
Já em 2021, os recifes foram monitorizados pelo município. Faneca, sargo safia, peixe-porco, polvo, estrela-do-mar, caboz-português, garoupa-do-alto e vários tipos de algas, de anémonas e corais já tinham colonizado totalmente o complexo artificial composto por 1050 módulos de betão.