Economia

Algas plantadas nos recifes farão florescer pesca na Nazaré

11 abr 2023 09:00

Projecto da Hope Zones Foudation para os recifes artificiais colocados no mar em 2010

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Em 2021, recifes já apresentavam abundância de fauna e flora
DR
Daniela Franco Sousa

Instalados na enseada da Nazaré em 2010, com o objectivo de promover a biodiversidade e a sustentabilidade dos recursos, os recifes artificiais preparam-se para acolher novas inquilinas, uma plantação de algas Laminaria ochroleuca. Dentro de poucos anos, espera-se que estas tenham contribuído para aumentar a quantidade e a variedade de espécies de peixes no local, contribuindo para a dinamização da pesca tradicional e para a diversificação da oferta turística.

Foi neste sentido que o município aprovou, na semana passada, a parceria com a Hope Zones Foudation, presidida por João Macedo. Reconhecido surfista de ondas gigantes e apaixonado pela Nazaré, João Macedo explica ao nosso jornal que a sua associação identifica e estimula “zonas de esperança”, com forte interacção entre terra e mar, onde o propósito é colocar em marcha projectos de cariz ambiental, que, ao mesmo tempo, sejam promotores da economia local.

Nazaré é um dos locais onde a associação já começou a intervir, e onde, à luz desta parceria, pretende fazer mais. No ano passado, com o apoio de escolas, a Hope Zones Foudation recolheu cerca de duas toneladas de lixo do Porto da Nazaré, que foram entregues a uma estação de valorização e tratamento de resíduos. O objectivo é que os resíduos sejam cada vez mais transformados em matéria-prima de indústrias, salienta o surfista.

Mas a meta mais ambiciosa, conta o presidente, será agora plantar algas, nas zonas dos recifes artificiais que se afigurem mais apropriadas, de forma a que, dentro de “três ou quatro anos”, toda essa biomassa tenha aumentado, fazendo diversificar as espécies de peixes.

Este projecto-piloto será levado a cabo com o apoio de uma empresa especializada na replantação de algas em zonas costeiras, com o suporte científico de uma associação, refere o dirigente. Desta forma, a Hope Zones Foudation pretende impulsionar a pesca tradicional, ajudar a valorizar o ofício, ao mesmo tempo que a abundância e a variedade de peixes pode captar turistas interessados nas experiências de mergulho.

Complexo de 1050 módulos
Em 2010, a Câmara da Nazaré e o Instituto de Investigação das Pescas e do Mar desenvolveram o projecto Viver o Mar (investimento superior a 1,2 milhões de euros, com comparticipação de fundos comunitários), que incluiu a instalação de recifes artificiais, e que teve o Politécnico de Leiria entre os seus parceiros. A infra-estrutura foi colocada entre a foz do Rio Alcoa e a Praia do Salgado, a uma profundidade entre os 20 e 23 metros.

Já em 2021, os recifes foram monitorizados pelo município. Faneca, sargo safia, peixe-porco, polvo, estrela-do-mar, caboz-português, garoupa-do-alto e vários tipos de algas, de anémonas e corais já tinham colonizado totalmente o complexo artificial composto por 1050 módulos de betão.