Economia
Arranca produção em massa de viseiras contra a Covid-19, numa aliança entre Politécnico e empresas de Leiria e Marinha Grande
Projecto permite produção de 2 mil viseiras por dia para servir profissionais de saúde, bombeiros, polícias e trabalhadores de lares
Primeiro, a generosidade. Alguém que conhece alguém que traz mais alguém. Numa questão de dias, o espírito solidário e voluntário arrasta empresas, associações patronais, ensino superior e o objectivo torna-se realidade: esta sexta-feira, 27 de Março, arranca a produção em massa de viseiras de protecção contra a Covid-19, numa aliança entre Politécnico e empresas de Leiria e Marinha Grande. Serão distribuídas, gratuitamente, numa primeira fase, aos profissionais de saúde, funcionários de lares da terceira idade, bombeiros, polícias e outras forças de segurança.
Rui Pedrosa, presidente do Politécnico de Leiria, explica que depois das iniciativas de impressão 3D, como a que ocorreu no Movimento Maker Portugal, que permitem obter uma viseira em duas ou três horas, esta nova etapa significa centenas ou mesmo milhares de viseiras por dia, já que se entra numa dinâmica de produção industrial e em massa.
A empresa da Marinha Grande que fabricou o molde em aço e que amanhã começa a injectar pretende fornecer já 2 mil unidades por dia, apurou o JORNAL DE LEIRIA.
O kit de protecção contra o novo coronavírus – adaptação com reengenharia de um modelo pré-existente – é composto por três partes: uma peça em plástico rígido que assenta na testa e é obtida por injecção, a viseira em plástico transparente (PET) que é fabricada por corte e a fita flexível em PVC que ajusta à cabeça e resulta de um processo de extrusão.
A montagem será tarefa do utilizador final, que vai receber uma embalagem com instruções e a frase: “Por Portugal, todos unidos, na Região de Leiria”.
No projecto, estão o CDRSP – Centro de Desenvolvimento Rápido e Sustentável de Produto, a ESAD.CR – Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, a ESSLei – Escola Superior de Saúde de Leiria, tudo instituições que integram o Politécnico de Leiria, a CEFAMOL – Associação Nacional da Indústria de Moldes, a APIP – Associação Portuguesa da Indústria de Plásticos e seis empresas de Leiria e Marinha Grande, além de vários colaboradores a título individual.
Além do molde em aço para injecção, criado do zero, também foi necessário desenvolver ferramentas específicas de corte.
O próximo passo, explica Rui Pedrosa, é fazer chegar as viseiras aos hospitais e centros de saúde, desde logo, os que servem as regiões de Leiria e do Oeste, de acordo com as necessidades manifestadas pelas autoridades de saúde e protecção civil.
O presidente do Politécnico de Leiria diz, no entanto, que a seguir à cedência gratuita será natural a evolução para uma lógica de negócio: “Espero que a curto prazo estas empresas entrem nos canais de distribuição e comercializem, não só para esta região, mas até, assim que haja condições, para apoiar outros países”.
Além desta iniciativa, e do esforço protagonizado pelo Movimento Maker Portugal, a cooperação entre empresas e Politécnico já tinha lançado uma campanha de angariação de fundos e uma recolha de donativos, conforme o JORNAL DE LEIRIA noticiou esta semana.