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“Às Duas Horas da Manhã”. Últimas apresentações pelo Teatro da Rainha

20 mar 2024 12:35

A primeira criação da temporada, que pode ser vista até sábado, tem encenação de Fernando Mora Ramos para um texto de Falk Richter

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Em cena até 23 de Março em Caldas da Rainha
Margarida Araújo

Com interpretação de Beatriz Antunes, Fábio Costa, Mafalda Taveira, Mariana Reis, Nuno Machado e Tiago Moreira, Às Duas Horas da Manhã vai a palco na Sala-Estúdio do Teatro da Rainha, todas as noites, de hoje até ao próximo sábado, 23 de Março.

São as últimas apresentações, sempre com início às 21:30 horas, da primeira criação da temporada pela companhia com sede em Caldas da Rainha.

A encenação é de Fernando Mora Ramos, para um texto de Falk Richter.

“Canções, diálogos fragmentários, palestras motivacionais, entrevistas de emprego que parecem sessões de psicanálise, uma coreografia de penas e referências estilhaçadas convidam o espectador a unir as peças do puzzle que revela a cidade contemplada por Lisa do seu 42.º andar: uma geração emaranhada na teia quotidiana do capitalismo selvagem, cativa de prisões invisíveis onde se funde e confunde o íntimo com o público, o pessoal com o profissional, o real com o virtual”, pode ler-se na nota de divulgação partilhada pelo grupo.

Segundo o mesmo texto, a peça “dramatiza a influência da internet no quotidiano dos indivíduos, vidas íntimas sufocadas pelos percursos profissionais, burnout, stress, solidão, crises nas relações interpessoais, alienação, perda da identidade, a ausência de uma linguagem que permita dar sentido a existências determinadas por uma espécie de script que tudo uniformiza e esvazia de sentido”.

“Esta é uma peça contra as virtudes badaladas do progresso sem fim em que andamos metidos narrativamente, pelo menos desde o início do consumo em massa, da sociedade do espectáculo e do consumo de massas. Opta por estar na contracorrente. Sobe o rio a caminho da nascente. É o incómodo total, nenhuma corrente a favor. É uma experiência radical na forma, mesmo sem um corte absoluto com a tradição, antes a cavalo nela”, escreve Fernando Mora Ramos no site do Teatro da Rainha.

“É um teatro do mal-estar civilizacional que aqui encontramos, pois Richter põe radicalmente em causa o nosso modo de vida, este suicídio progressivo, ritmado em velocidade stressante pelo sucesso da carreira, em direcção a um nada interior que é, como sabemos, também uma catástrofe natural e planetária”, conclui.