Sociedade
Autarcas da região de Leiria exigem investimento na ETAR do Coimbrão
Águas do Centro Litoral não apontou soluções para a sobrelotação da estação de tratamento, em reunião com autarcas
Os autarcas que integram a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) estão preocupados com a falta de investimento na Estação de Tratamento de Águas Residuais do Coimbrão e exigem à Águas do Centro Litoral (AdCL), empresa que gere a infra-estrutura, um investimento que evite uma ruptura, com impacto ambiental.
Na reunião, que decorreu na terça-feira, os autarcas "manifestaram a preocupação da CIMRL e dos municípios que são servidos pela ETAR do Coimbrão [no concelho de Leiria] daquilo que é o mau funcionamento da ETAR”, disse Gonçalo Lopes.
O presidente da CIMRL afirmou que questionaram a AdCL sobre “visão estratégica para aquele equipamento, que é a principal infra-estrutura de tratamento na região, onde se investiu muitos milhões de euros e que, neste momento, está com dificuldades de funcionamento”.
AdCL sem soluções
“A AdCL diz que tem soluções e vários cenários, ainda nenhum definido, o que deixa muito preocupada a CIMRL, uma vez que aquela ETAR está sobrelotada e tem graves problemas de funcionamento, resultado do desinvestimento em manutenção”, reforçou Gonçalo Lopes.
O também presidente da Câmara de Leiria salientou a importância de “pensar num plano de investimento estratégico para o futuro, de modo a que se transforme aquela ETAR num exemplo daquilo que são as opções de economia verde, valorização energética, criação de investimento em soluções tecnológicas mais modernas e o seu redimensionamento”.
“São este tipo de opções estratégicas que gostaríamos de ter ouvido e que infelizmente não ouvimos, o que nos deixa extremamente preocupados relativamente àquilo que é o futuro ambiental da região e em especial do rio Lis, uma vez que é aí que é descarregada a água residual da ETAR”, acrescentou.
Ruptura terá consequências graves
Gonçalo Lopes insistiu que a “ETAR, que já está em sobrecarga, no futuro irá entrar em ruptura, com graves problemas para o ambiente”.
“Nessa altura será chamada à atenção quem tem vindo a desinvestir fortemente nesta estação de tratamento. Não podemos continuar a empurrar com a barriga para a frente, uma vez que no momento em que ‘rebentar a bomba’ vai ser tarde de mais. Temos mesmo de ter uma solução imediata. O funcionamento da ETAR não é compatível com aquilo que é a exigência que colocamos na área do ambiente”, disse.
Para o presidente, o desinvestimento na ETAR é “comprovado com as opções [da AdCL] para este ano e nos anos anteriores, cujos investimentos são simples remendos”.
Avaliações evidenciam poluição
“Temos avaliações que nos informam que, do ponto de vista ambiental, as descargas não são compatíveis com aquilo que é o referencial ambiental que queremos para os nossos rios, em especial em alguns dias em que recebe efluentes provenientes de sectores específicos que são bastantes poluentes, e não me refiro só à questão agroindustrial, mas também aos sectores da indústria e doméstico”, revelou.
Referindo que os autarcas da região coberta pela ETAR do Coimbrão estão “conscientes e unidos”, Gonçalo Lopes advertiu que se o investimento não for feito “alguém terá de assumir a responsabilidade ambiental dos graves prejuízos que poderão acontecer num destes verões nas praias da região, que ficarão interditas a banhos”.
Já Aurélio Ferreira, presidente do Município da Marinha Grande, tinha entregado um dossier ao ministro do Ambiente com o impacto da poluição da ETAR na Praia da Vieira, quando o governante visitou a Mata Nacional de Leiria, no dia em que decorrem cinco anos do incêndio que consumiu 86% do pinhal.