Sociedade
Bispo diz que o "vírus não pode extinguir o amor, a esperança e a alegria natalícias”
Neste Natal, o cardeal D. António Marto dirige também uma mensagem especial aos idosos, “sós e enfermos”, particularmente afectados pela pandemia.
Apelos à “fraternidade”, à recuperação do verdadeiro espírito de Natal e à generosidade para com os mais carenciados, mas também ao cumprimento das recomendações sanitárias, marcam, este ano, a tradicional mensagem de Natal do bispo de Leiria-Fátima. O cardeal D. António Marto dirige ainda uma missiva especial aos idosos, “sós e enfermos”, particularmente afectados pela pandemia.
“Nunca como agora faz tanto sentido falar de fraternidade e amizade social, porque todos nos damos conta de que ninguém se salva sozinho”, escreve D. António Marto, defendendo que a celebração do Natal “não permite que passemos ao lado, indiferentes à pobreza, ao abandono dos idosos ou sós, dos migrantes, dos sem-abrigo, dos descartados”.
Na sua mensagem, o bispo de Leiria-Fátima fala da “sombra da pandemia” que, este ano, paira sobre a festa do Natal, que “nos deixa abatidos, ansiosos, com medo, desolados” e que impõe que vivamos a quadra de modo diferente, “mais simples e sóbrio”. O cardeal apela, por isso, ao respeito das recomendações sanitárias sem, contudo, renunciar “às celebrações da fé próprias do Natal”.
“O vírus não pode extinguir o amor, a esperança e a alegria natalícias”, afirma D. António Marto, considerando que “a actual situação é também um apelo a recuperar a verdade do Natal na sua autenticidade e no seu significado, tantas vezes ofuscados pelo consumismo e pela festa exterior”.
Evocando a mensagem do Papa para esta quadra, que nos “chama a viver a fraternidade como uma verdadeira mística para reconstruir o mundo dividido” e que lança o desafio para que se estenda a mão ao pobre, o bispo de Leiria- Fátima pede “a cada um ou a cada comunidade” que identifique uma acção concreta de partilha e solidariedade a realizar neste Natal.
Nesse sentido, o prelado faz um apelo à participação na iniciativa 10 milhões de estrelas – um gesto pela paz, promovida pela Cáritas, através da venda de velas. Do total das verbas recolhidas, 65% destinam- se à Cáritas Diocesana de Leiria para apoio às pessoas necessitadas e os restantes 35% são canalizados para o programa Inverter a curva da pobreza em Portugal, vocacionado para auxílio às vítimas da pandemia, concretamente as que estão a sofrer o impacto social desta crise.
Na mensagem que dirige aos idosos, mas também “a todos os que se sentem mais sós ou enfermos (da Covid-19 ou não)”, D. António Marto começa por reconhecer que estas pessoas são aquelas que “mais experimentam a fragilidade, o isolamento, a solidão, quer estejam em casa, no hospital ou nos lares”, por estarem privadas dos “encontros de proximidade”, da “ausência física” e do “calor dos afectos” de quem lhes trazia mais conforto.
“Esta situação, que se prolonga há meses, cria insegurança, ansiedade, dúvidas e tristeza e até nos priva da alegria de viver e conviver sem distâncias nem medos”, escreve D. António Marto, frisando que “hoje mais do que nunca, precisamos mais da força interior da fé” para “vencer a solidão e o desânimo”. A este propósito dá o seu testemunho pessoal, referindo a sua recente hospitalização.
“Quem tem fé, nunca está só nem na vida nem na morte. (…) Não deixemos que a pandemia nos roube esta confiança”, reforça o bispo, que expressa ainda “apreço e gratidão” pelos cuidadores, a quem faz também um apelo: “Não deixem que ninguém fique para trás, isolado, esquecido, abandonado”.