Sociedade
Cabras vão ajudar a prevenir fogos em aldeias de Figueiró dos Vinhos
Projecto da Comissão de Baldios de Alge e Lugares Anexos. Se a primeira fase correr bem, a ideia é que o rebanho chegue aos 400 efectivos.
As aldeias de Alge, Pé de Janeiro e Carvalhos, no concelho de Figueiró dos Vinhos, vão ganhar novos ocupantes. Serão perto de 100 cabras que passarão a fazer parte do seu habitat, com a missão de manter limpas as faixas de protecção em redor das povoações e, dessa forma, prevenir incêndios.
Ainda com a tragédia dos fogos de 2017 muito presente na memória, a Comissão de Comparte dos Baldios de Alge e dos Lugares Anexos, na freguesia de Campelo, está agora a apostar na pastorícia como meio para “melhorar a resiliência” dos espaços rurais e, principalmente, evitar os fogos florestais.
As primeiras cabras já estão no terreno e o objectivo é, no curto prazo, “chegar às 100 cabeças de gado”, revela Bruno Braz, presidente da comissão, adiantando que serão também introduzidos alguns burros, cavalos e vacas de raça maronesa.
O dirigente explica que os animais irão assegurar a limpeza das áreas circundantes às aldeias, “a designada folha que antes era área de cultivo” e que, entre outras funções, funcionava como “travão” em caso de incêndio.
“Manter essa limpeza em territórios com pouca gente é ainda mais complicado. E, todos anos, recorrer à limpeza mecanizada sai caríssimo”, frisa Bruno Braz, adiantando que o projecto abrangerá mais de 30 hectares.
Se esta fase correr bem, a comissão de baldios pretende aumentar o efectivo “até às 400 cabras”, o que permitirá “dar sustentabilidade e retorno financeiro” ao projecto, com a produção de queijo.
Eucaliptos arrancados
A aposta na pastorícia funcionará como complemento a outras acções que a comissão tem desenvolvido para reforçar a “resiliência” da mancha florestal das aldeias onde tem baldios sob a sua gestão. Um dos projectos consistiu na plantação de 85 hectares de medronheiro, carvalho, bétula e cedro, efectuada após 2017.
Mais recentemente, foi feito o arranque de eucaliptos e de pinheiros numa área com cerca de quatro hectares circundante à aldeia de Alge, tendo sido depois plantadas espécies autóctones. Neste caso, a acção contou com “o contributo dos proprietários que permitiram a reflorestação”.
No próximo Inverno, está previsto o início da regeneração de mais 160 hectares, 60% dos quais com recurso a pinheiro e os restantes ocupados por “faixas de descontinuidade” com castanheiro e sobreiro.