Economia

Com clientes “mais disponíveis” para gastar, “só não vende quem não quer”

22 dez 2016 00:00

Natal é sinónimo de família, de partilha, de convívio à volta de uma mesa farta. Mas é também sinónimo de negócio

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Raquel de Sousa Silva

Nesta quadra, são muitas as actividades que registam aumentos nas vendas. Da doçaria aos vinhos, passando pelo bacalhau, pelo peru ou cabrito, pelos brinquedos e pelos espaços para eventos, fomos espreitar o que se passa na região.

“No Natal só não vende quem não quer. As pessoas têm mais apetência para gastar, para comprar”, afirma Joaquim Almeida. O responsável pela Sar&Doce, com fábrica em Regueira de Pontes, Leiria, confirma que esta quadra tem um “peso significativo” na facturação anual, sendo mesmo a “mais importante”.

Além do bolo rei – até ao fim da semana passada já tinha fabricado cinco mil, para empresas – a Sar&Doce, que tem pastelaria aberta em Leiria, vende também troncos, lampreias de ovos, tartes, molotofes e doces conventuais, entre outros.

Só não vende quem não quer? “É um bocadinho assim”, concorda António Honório, que entende igualmente que nesta época os consumidores “estão mais disponíveis para comprar”. O responsável pelas pastelarias Pão Quente e Pão do Marquês, em Leiria, diz que a quota de mercado se tem mantido mais ou menos igual nos últimos anos.

É “vasta” a gama de produtos que nesta altura têm grande saída: sonhos, coscorões, filhós, fatias douradas…. “Quase não conseguimos dar conta do recado”. Também o tradicional bolo rei “se vende muito bem”, diz o empresário, acrescentando que os prémios ganhos em alguns concursos acabam por dar notoriedade à casa.

Também Helena Vale concorda que é mais fácil vender na quadra natalícia. “As pessoas estão mais disponíveis para gastar”, reconhece. A Confeitaria Vale, em Pombal, está a vender mais do que no ano passado. O bolo rei é a estrela das vendas. Desde que a empresa passou a produzi-lo, já lá vão vários anos, deixou de ter épocas baixas de trabalho. Este ano, a empresa confeccionou 30 mil bolos rei, cada um com cerca de um quilo, ou seja, transformou cerca de 30 toneladas.

A produção começa em Outubro e estende-se até meados de Dezembro. E “pesa muito” na facturação total do ano. Praticamente todo o bolo rei fabricado na Confeitaria Vale é para exportar. Suíça, França, Inglaterra, Alemanha, Luxemburgo, Bélgica e Holanda são os principais destinos.

“Este é um mês de partilha. Vendemos um bocadinho mais”, aponta igualmente Carlos Agostinho, responsável pela Aldeia dos Sabores, em Leiria. Os picos de vendas acontecem imediatamente antes do Natal e Ano Novo e o que mais se vende são as filhós, os coscorões, as rabanadas, as azevias e o bolo rei.

Também para a Pastelaria Pires esta quadra tem um peso “muito significativo”. Dezembro é mesmo o melhor mês para esta empresa de Leiria. Bolo rei e sobremesas variadas são o que mais se vende. Este ano as vendas “estão melhores” do que no ano passado nesta altura, diz Helder Pires, garantindo, contudo, que já se vendeu muito mais bolo rei do que actualmente.

“O mercado é hoje diferente do que era há uns anos”, afirma o empresário, justificando com o advento das grandes superfícies, que praticam preços mais baixos. Por isso, “as pessoas praticamente só recorrem às pastelarias tradicionais para comprar um bolo de melhor qualidade para a Consoada ou para o dia de Natal”, lamenta.

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