Sociedade

Conhece esta professora associada da Universidade de Oxford e directora no parque da Gorongosa?

25 set 2015 00:00

Os novos desafios de Susana Carvalho, investigadora natural de Leiria

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Maria Anabela Silva

Susana Carvalho está, aos poucos, a conseguir digerir o turbilhão de emoções que viveu nos últimos meses com dois convites que, talvez por excesso de modéstia, a  surpreenderam.

Um veio de Inglaterra, no início do mês, para assumir as funções de professora associada na Universidade de Oxford, integrando o Departamento de Antropologia do Institute of  Cognitive and Evolutionary Anthropology. O outro desafio surgiu de África, mais  concretamente de Moçambique, onde a investigadora, natural de Leiria, ocupa agora o cargo de directora adjunta para a paleoantropologia e primatologia do Parque Nacional da Gorongosa.

“Encarei estes desafios - e espero que não me interpretem mal -, à boa moda portuguesa, com o típico complexo de quem foi 'treinado' para não pensar em voar demasiado alto. Ou seja, primeiro muito contente e depois muito preocupada, questionando se conseguirei dar resposta a tantas responsabilidade.

Mas, neste momento, sinto-me muito agradecida e preenchida por poder fazer tanta coisa de que gosto e sigo o lema bem africano de levar um dia de cada vez”, conta Susana Carvalho.

Aos 41 anos, a investigadora, que há vários anos se dedica ao estudo de primatas, nomeadamente de chimpanzés, mudou-se com a família para Oxford, onde ficará durante o período de aulas. Nas férias escolares, especialmente entre Julho e Setembro, viajará para a Gorongosa.

Aí, está incumbida de desenvolver um programa de investigação na área da paleoantropologia (evolução humana) e da primatologia. Irá também preparar um programa curricular para a criação de uma Escola Internacional de Campo nessas áreas.

Neste momento, a investigadora está a terminar os convites aos elementos que irão constituir as equipas de investigação e o staff da Escola de Campo, prevendo-se que “os primeiros trabalhos de campo sistemáticos” tenham início em 2016.

Segundo Susana Carvalho, “o objectivo é detectar os sítios de maior potencial para estudar a evolução desta área [Gorongosa], que é praticamente a única zona do Vale do Rift Africano que ainda não produziu dados para o conhecimento da evolução, particularmente da evolução humana e da fauna”.

Arqueóloga atraída pelo estudo dos  chimpanzés

Susana Carvalho, 41 anos, nasceu em Leiria, cidade onde fez todo o seu percurso escolar até ao 12.º ano, que concluiu na Escola Secundária Rodrigues Lobo. Depois, estudou Arqueologia na Universidade do Porto e, já a trabalhar como arqueóloga na Câmara de
Montemor-o-Novo. surgiu-lhe a oportunidade de fazer o mestrado em Evolução Humana na Universidade de Coimbra.

Em 2009, concluiu o doutoramento em Cambridge com uma tese sobre arqueologia dos primatas, através do qual conseguiu confirmar, em chimpanzés da Guiné-Conacri, que a
necessidade de transporte de alimentos raros terá impulsionado o bipedismo, ajudando na compreensão de uma característica humana.

Como arqueóloga, estagiou na Câmara da Batalha e nos municípios de Montemor-o-Novo e Leiria. Neste último, iniciou o processo de criação da oficina de arqueologia.

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