Autárquicas 2025

Discórdia na área da saúde marca debate dos candidatos à câmara da Marinha Grande

2 out 2025 10:00

Os candidatos do PS, +MpM, CDU e Chega apresentaram as suas medidas para os próximos quatro anos

discordia-na-area-da-saude-marca-debate-dos-candidatos-a-camara-da-marinha-grande
Se não houver maioria, todos os candidatos comprometeram-se a dialogar com os outros partidos
Ricardo Graça
Inês Gonçalves Mendes

A saúde marcou o debate dos candidatos à Câmara Municipal da Marinha Grande, perante um auditório bem composto no Teatro Stephens, que decorreu na passada quinta-feira, organizado pelo JORNAL DE LEIRIA.

Os candidatos do PS, +MpM, CDU e Chega apresentaram as suas propostas para o futuro do concelho e foi a saúde que gerou mais discórdia em palco, com a discussão da manutenção do SAP, a melhoria das condições das unidades de saúde e a falta de médicos de família.

Aurélio Ferreira, recandidato pelo +MpM para um segundo mandato, defendeu que a saúde mereceu um “grande investimento” do executivo. “O executivo anterior não nos preparou absolutamente nada nas delegações de competências. Fizémo-las bem feitas e começámos a trabalhar, se calhar, no maior drama que existe em Portugal, não haver médicos”, afirmou, acrescentando: “quando chegámos, havia cerca de 14 mil utentes sem médico de família. Em final de Junho, não havia ninguém na Marinha Grande sem médico de família.”

Os ânimos exaltaram-se, com o público a desmentir a afirmação do actual autarca, que reforçou a ideia para acrescentar que a criação de uma nova USF serviu “exactamente para cobrir quem não tem médico de família”.

Paulo Vicente, candidato pelo PS, que já liderou esta câmara entre 2015 e 2017, anunciou a intenção de criar “um regulamento de incentivo à fixação de médicos no concelho”, além de atentar às condições das infra-estruturas. “As últimas obras feitas no centro de saúde foram comigo”, denunciou. “Este é o único município da região onde não houve, em quatro anos, obras nos centros de saúde.”

Sérgio Silva, da CDU, fará “o que compete” à autarquia relativamente ao conforto dos espaços e contratação de pessoal para a saúde. “Precisamos de médicos, enfermeiros, outros técnicos de saúde, administrativos e assistentes técnicos. Vai ser o município a ter de arranjar.”

Para o Chega, que reconhece a falta de médicos, a prioridade é “manter o SAP aberto 24 horas” e construir “uma unidade básica” para servir a população. Emanuel Vindeirinho olhou também para o sector privado. “No distrito, estão a nascer mais seis hospitais, mesmo sendo privados, em Leiria e Caldas [da Rainha], e não conseguimos puxar nenhum para aqui.”

Habitação, segurança e obras estruturantes integraram o debate, com o PS a prometer a aquisição de uma viatura para a Escola Segura, a implementação de videovigilância ou a deslocação do mercado para os estaleiros municipais.

Quanto à CDU, Sérgio Silva admitiu a necessidade de criar uma “bolsa de solos” para a habitação, comprometendo-se com a limpeza e arranjos do espaço público, a apoiar eventos organizados pelas associações locais, a transferir o parque de campismo da Vieira de Leiria para a gestão da câmara e a aproveitar as qualidades do iodo, arte e vidro para o turismo.

Emanuel Vindeirinho focou-se na transição digital da autarquia, no reforço da segurança com videovigilância e na criação de uma rota do vidro e do fogo para o turismo, admitindo estudar uma nova localização para o mercado municipal.

Aurélio Ferreira pediu uma “oportunidade” aos eleitores para governar durante mais quatro anos, argumentando que um projecto autárquico deve ser pensado a médio e longo prazo.

Se não houver maioria, todos os candidatos comprometeram-se a criar pontes entre os partidos para haver condições de governabilidade.