Economia
Economista João Duque diz ser urgente criar empresas inovadoras e captar “gente qualificada"
Falta de mão-de-obra qualificada prejudica internacionalização refere AAPI
Para marcar o seu 10.º aniversário, a AAPI – Associação Acção Para a Internacionalização, de Leiria, organizou um jantar-conferência, no dia 10, sob o tema Importância dos Fundos Comunitários: 10 anos de Mudanças, com a presença do professor catedrático do ISEG e colunista do semanário Expresso João Duque.
O convidado iniciou a sua intervenção com uma descrição resumida da aplicação dos fundos europeus no País desde a adesão à, então, CEE, a 1 de Janeiro de 1986.
^Numa verdadeira aula de Economia e Finanças Públicas, explicou que, até 2012, o nosso País recebeu perto de 80 mil milhões de euros em Fundos Comunitários, aplicados em infra-estruturas, como auto-estradas ou saneamento básico, que, sublinhou, foram importantes para o “desenvolvimento do comércio” e do turismo, actuais motores da economia.
Nos últimos dez anos, porém, houve uma alteração na forma e nos objectivos de aplicação dos fundos, direccionando-os para as empresas, facto que tornou “menos visível” a aplicação do dinheiro europeu.
“De uma importância extrema para as empresas, pois permitiu que estas conseguissem aquilo que está visível nas grandes estatísticas”: a conquista e afirmação em mercados externos.
Portugal conseguiu diminuir o fosso entre as importações e exportações, registando mesmo dois anos, onde as vendas ao estrangeiro foram superiores às compras.
“Um feito histórico”, com paralelo apenas com um breve período durante a Segunda Guerra Mundial, devido às exportações de volfrâmio, mas com valores comparativamente inferiores, fez notar.
Contudo, em 2021, alertou, a percentagem de exportações foi ligeiramente inferior à de importações, adiantando que a falta de mão-de-obra qualificada e uma população envelhecida poderão ser entraves a um sonho de maior afirmação das empresas nacionais.
Tal levou o economista a frisar o imperativo de apostar em empresas inovadoras, tanto em ideias como em tecnologia, e de captar “gente qualificada”, que traga valor acrescentado à economia, em vez de se continuar a apostar em baixos salários.
A iniciativa contou ainda com a presença de uma centena de empresários, além de intervenções de Jorge Brandão, vogal do Centro 2020, Ana Elisa Santos, vogal do IEFP e Pedro Moura Ferreira, da MDS Portugal.
A finalizar a sua intervenção, o presidente da AAPI, Paulo Lopes, dirigindo-se a Jorge Brandão, desafiou os gestores de fundos comunitários a “abrir rapidamente os apoios individuais à internacionalização das empresas, pois são bastante necessários”.