Economia
Empresários de Leiria defendem descida do IRC no próximo Orçamento do Estado
Para compensar aumento do custo com as matérias-primas e com a energia
A Nerlei - Associação Empresarial da Região de Leiria (Nerlei) quer que o Orçamento do Estado para 2022 preveja uma descida do IRC para compensar o aumento do custo com as matérias-primas e a energia.
A associação, que congrega 1200 pessoas, refere a necessidade de serem acauteladas as condições, no sentido de que “as empresas portuguesas consigam ultrapassar os diversos constrangimentos que a economia mundial atravessa”.
“A Nerlei alerta, sobretudo, para o continuado agravamento do custo e escassez das matérias-primas, bem como para os aumentos dos custos de energia”, destaca a organização, sugerindo, de forma a “garantir que as empresas portuguesas conseguem continuar a cumprir o seu papel de criadores de riqueza e emprego”, que seja contemplada no OE2022 “uma descida no IRC, que possa mitigar aqueles aumentos de custos para as empresas”.
A associação empresarial presidida por António Poças refere estar consciente de que, “sobretudo a questão do custo e escassez das matérias-primas, é um problema mundial, que carece de políticas mais globais, ou, pelo menos, a nível europeu, e de médio e longo prazos para que se possa resolver”.
“(..) Contudo, também por esse motivo, considera que, no curto prazo, o Governo deve garantir condições de competitividade às suas empresas de forma que não se coloque em causa a retoma económica desejada e necessária”.
A Nerlei nota ainda que já vem há algum tempo a sensibilizar e a alertar para o custo e a escassez das matérias-primas.
Em Julho, a organização sediada em Leiria tinha avisado as empresas para o aumento dos custos da energia eléctrica, considerando que a competitividade empresarial pode estar em risco.
Naquela data, face aos “grandes aumentos de eletricidade”, aconselhou-as “a procurarem soluções de renegociação dos contratos, que permitam minimizar este impacto na sua atividade”.
“Com grande preocupação, a Nerlei constata que apesar da ‘dita’ liberalização do sector ter sido feita com a ‘promessa’ de vir baixar os custos da energia eléctrica, tal não se tem verificado, pelo contrário”, lê-se no comunicado.
Segundo a associação, “os aumentos que se têm registado provocam uma forte instabilidade na actividade empresarial, nomeadamente dos médios consumidores de energia, que têm grande importância na criação e manutenção de emprego”.
A Nerlei considerou ainda que “o Governo deve avaliar a sua política energética e tomar medidas que garantam preços mais aceitáveis e estáveis para os consumidores nacionais, sobretudo para os empresariais, sob pena de, à partida”, ser colocada “em causa a desejada recuperação económica”.
Empresários do Oeste afirmam que aumento da eletricidade retira competitividade às empresas
A Associação Empresarial da Região Oeste (AIRO) também emitiu um comunicado onde dá conta das dificuldades as unidades de produção com os custos com matérias-primas no último ano, devido ao "contexto, aumento de preços generalizados, impostos, entre outros" factores.
"Estes aumentos colocam seriamente em causa a competitividade do nosso tecido empresarial. Destacamos o aumento dos preços de energia em Janeiro com um custo médio de 42.51€/MWH para um valor médio em Setembro de 2021 de 174.68€/MWH. Foi já noticiado que o mercado de futuros prevê aumentos até aos 300€/MWH nos próximos meses."
A associação defende que a situação "é catastrófica" para a indústria transformadora, para o sector primário - necessidade de câmaras de frio para os produtos frutícolas e hortícolas - e para o sector do peixe.
"Estes aumentos não são compatíveis com a competitividade do tecido empresarial da região nem as empresas têm à data vendas e mercados que lhes permitam este aumento de custo que poderá chegar até final de 2021 a um aumento superior a seis vezes o valor no início ao ano de 2021."
A AIRO refere que não foram ainda tomadas quaisquer medidas pelo Governo no sentido de apoiar as empresas e as medidas anunciadas não são suficientes para que exista um aumento dos custos energéticos compatíveis com as actividades empresariais da região Oeste e do País.