Viver

Exposições: Azul

12 out 2025 10:59

Cisterna do castelo de Leiria

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“Nas suas paredes expostas, comecei a viajar, a procurar um caminho como se seguisse um mapa”
Facebook Leiria Cultura

Até 30 de Novembro de 2025
Escultura
Artista: Rodrigo Baeta
Cisterna do castelo de Leiria
Diariamente, 9h30-17h30

Texto de Rodrigo Baeta

Azul é o nome escolhido para esta exposição. Surgiu inspirado pelo próprio espaço em que se realiza. A Cisterna do Castelo de Leiria.

Debaixo de terra, sombria, húmida, reservatório de águas, todas estas características lhe conferem um carácter feminino. Quando nela entrei pensei que ela só por si bastava. Tudo o que apresentasse no seu interior iria desequilibrar a sua harmonia. Como conciliar os trabalhos que andava a desenvolver e este espaço vazio, mas no entanto pleno?

Num mundo sobrecarregado de informação em que a palavra e a imagem se tornaram gratuitos e vulgares, em que há um excesso de produção de bens em que todo esse ruído nos desinforma, a cisterna é um espaço perfeito, um refúgio para quem quer fugir e proteger-se de toda essa violência e agressividade da sociedade contemporânea.

Silenciosa e calma no seu interior pode encontrar-se liberdade.

Nas suas paredes expostas, comecei a viajar, a procurar um caminho como se seguisse um mapa. Vi horizontes, montanhas e vales.

Na perspectiva atmosférica o azul funde o céu e a terra e o horizonte pode mesmo desaparecer.

Azul pode ser tudo, a cor do lápis lazúli, um dos pigmentos mais caros do mundo do qual se faz o luminoso azul ultramarino. Pode ser também a cor das roupas de quem trabalha, dos colarinhos azuis, tingidas de azul indigo a partir do blasto muitissimo mais barato e turvo.

Pode ser água, céu, liberdade, frescura, melancolia, tristeza. É o cognome do nosso planeta, Azul.

A caraterística que nele mais me fascina é a sua capacidade de “desmaterializar” as formas.

As obras que apresento estão presentes sem se imporem, sem violentarem o espaço que por si só é pleno.