Sociedade
Fátima recebe esta semana congresso sobre a Padroeira de Portugal
O congresso irá “reflectir sobre a mariologia, as representações de Maria na arte e na cultura dos povos ocidentais”,
Os 375 anos da Coroação de Nossa Senhora da Conceição como Padroeira de Portugal vão ser assinalados, de quinta-feira a sábado, em Fátima, com o congresso internacional “Mulher, Mãe e Rainha”.
O congresso, segundo informação do Santuário, irá “reflectir sobre a mariologia, as representações de Maria na arte e na cultura dos povos ocidentais”, e é realizado pelo Instituto da Padroeira de Portugal para os Estudos da Mariologia (IPPEM), em cooperação com o Santuário de Fátima.
“O congresso (…) será um fórum de estudo abrangente, nas temáticas, nas visões e nas abordagens, através de diferentes contributos relativos aos estudos da Mariologia, da Teologia e da Bíblia, da Religiosidade Popular, das Associações de Fiéis e das Ordens Religiosas (…), do Direito Canónico, da Antropologia e da Sociologia, da Arte e da História da Igreja, da História de Portugal e até da História Universal”, adiantou o Santuário.
Entre as figuras esperadas no congresso, o destaque vai para o presidente do Conselho Pontifício para a Nova Evangelização, Rino Fisichella, e o presidente da Pontifícia Academia Mariológica Internacional, Stefano Cechin.
Nos três dias dos trabalhos terão lugar cinco sessões sobre os temas “Historiografia: estudos sobre um tema maior”, “Fundamentos Bíblicos e Parenética”, “Representações Institucionais, plásticas e artísticas”, “Marcas marianas na cultura dos povos” e “Religiosidade Popular, discursos teológicos e vivências culturais”.
O segundo dia do congresso vai ficar marcado com a apresentação da obra “Coroa Preciosa de Nossa Senhora de Fátima: as joias e a bala”, coordenada por Marco Daniel Duarte e Ana Rita Santos, do Museu do Santuário de Fátima.
Esta edição do Santuário de Fátima, que integra a Colecção Arte e Património, mostra, através da análise por diferentes especialistas, “uma das mais importantes peças de joalharia da arte portuguesa contemporânea e, bem assim, pela sua umbilical relação com os papas, uma das peças mais importantes do catolicismo contemporâneo”.
No prefácio deste livro, o Presidente da República sublinha que “para todos os Portugueses – os católicos ou outros cristãos, crentes ou não em Fátima, os não cristãos, os não perfilhando qualquer Fé – porque agnósticos ou ateus –, para todos eles, Fátima não pode deixar de constituir uma realidade nacional, ou melhor, nacional-universal, indesmentível”.
Segundo o presidente da organização do congresso, o evento “vai trazer novidades” sobre o culto mariano no país.
O historiador Marco Daniel Duarte recorda que “já há muito tempo que em Portugal não se faz um congresso especificamente dedicado à temática mariana” e este tem um programa alicerçado “em vários eixos temáticos, desde as questões históricas, que são normalmente bastante conhecidas, mas a partir de nova documentação os historiadores vão trazer novas notícias sobre o culto mariano em Portugal”.
“Mas também a partir dos diferentes eixos, como o eixo bíblico, fundamental para perceber este culto, o eixo ligado aos sermões e à parenética, a construção de uma identidade mariana ligada ao nosso país - dizemos que é o país é a Terra de Santa Maria, uma designação que já vem da Idade Média - e depois, ao nível das representações artísticas, das representações institucionais muitas ruas do nosso país são dedicadas a Nossa Senhora”, sublinha o também diretor do Departamento de Estudos do Santuário de Fátima.
Por outro lado, é objectivo “trazer também a temática para aquilo que são as preocupações atuais dos santuários, onde não é alheia a preocupação com o acolher daqueles que são crentes, mas também daqueles que não são crentes e que visitam os santuários com intenções meramente turísticas”.
No domingo, dia 27, em Vila Viçosa, e ainda no âmbito do programa do congresso, está prevista a exposição das três coroas de Nossa Senhora em Portugal – Nossa Senhora da Conceição (Vila Viçosa), Sameiro (Braga) e Fátima.
Em Portugal, o dia 08 de Dezembro é feriado religioso, assinalando o dia da Imaculada Conceição, padroeira nacional, mas para muitos é desconhecida a história que começou em 25 de Março de 1646, com D. João IV.
Rei profundamente devoto, o monarca consagrou os “Seus Reinos e Senhorios” a Nossa Senhora da Conceição, representada numa escultura existente na igreja que, séculos antes, Nuno Álvares Pereira mandara construir em Vila Viçosa, em agradecimento por Nossa Senhora ter ouvido as suas preces nas batalhas dos Atoleiros (1384), Aljubarrota (1385) e Valverde (1386).
Naquele longínquo 25 de Março de 1646, D. João IV colocou a sua própria coroa na imagem de Nossa Senhora da Conceição, como agradecimento por ter recuperado a independência de Portugal face aos espanhóis.
Além de padroeira, Nossa Senhora da Conceição foi elevada a rainha de Portugal e, a partir de então, mais nenhum rei ou rainha portugueses usaram coroa na cabeça. A coroa real, nalgumas circunstâncias, surgia colocada sobre uma almofada ao lado do monarca.
O congresso “Mulher, Mãe e Rainha” esteve previsto para 2021, mas foi adiado para este ano, devido à pandemia de covid-19.