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Flâneur tem como inspiração o “espírito deambulante” de Korrodi

9 abr 2022 09:30

Exposições em espaços públicos de Leiria, Bombarral, Lourinhã e Torres Vedras. Inauguração este sábado, 9 de Abril

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Róisín White, uma das artistas que participam no projecto Flâneur ao Centro
Joana Linda

Os espaços ao ar livre dos municípios de Bombarral, Leiria, Lourinhã e Torres Vedras, entre Abril e Julho, vão-se transformar em palcos de arte graças à proposta de intervenção artística Flâneur ao Centro, com o público a ser convidado “a visitar exposições de fotografia nas ruas e praças”, informa uma nota de imprensa.

O projecto, que inaugura este sábado, 9 de Abril, foi desenhado, em colaboração com os municípios, pela Procur.arte, associação cultural que “concebe, produz, promove e dinamiza actividades e projectos no domínio das Artes do Espectáculo e Artes Visuais”, sendo estabelecida uma parceria estratégica com a Rede Cultura 2022 e Turismo do Centro.

“Este projecto desafia os artistas a criarem novas leituras sobre este território, tendo como ponto de partida o conceito de flâneur e como contexto físico esta região enquanto caleidoscópio social em constante mutação”, explica o director artístico da Procur.arte, na nota de imprensa que define flâneur como “instrumento para compreender os fenómenos urbanos e a modernidade em termos culturais, económicos e sociais”. Segundo Nuno Ricou Salgado, a finalidade da iniciativa é “promover uma leitura contemporânea do território” com base na fotografia e na criação artística.

As obras e o “espírito deambulante” de Ernesto Korrodi, arquitecto suíço naturalizado em Portugal e “pioneiro da Art Noveau”, são uma inspiração para o Flâneur ao Centro. “A fauna e flora características da região estão presentes em toda a sua obra”, destaca a nota.

Neste contexto, foi feito o convite a quatro artistas “a reler a região e a redescobrir este território”. O projecto de Catarina Botelho, sem título, é centrado nas áreas limítrofes das vilas do Bombarral e Lourinhã, enquanto a exibição de Fábio Cunha tem como título Rua Fonte do Mundo. Joshua Phillips, de Londres, explora um interesse pelo conceito de restauro, pelo qual Korrodi foi influenciado durante a sua carreira, enquanto Roísín White, de Dublin, colaborou com cinco escolas de Torres Vedras para o seu projecto.

“Chegando a uma nova cidade, pode ser muito desafiador ter uma noção da localidade, portanto eu queria ter uma perspectiva diferente da minha”, declara a artista, que perguntou às crianças para lhe dizer “algo interessante” para ver na cidade.

“Criei um documento onde as crianças podiam escrever as suas respostas e desenhar alguns dos seus lugares favoritos para brincar ou um prédio que elas gostam, perguntei sobre as coisas mais antigas da cidade e para me contar a História”, relata Roísín.

As respostas foram utilizadas para criar “um guia ou um mapa de tesouro” que a artista usou nas duas semanas em que visitou Torres Vedras. “Foi muito prazeroso e bastante divertido realizar trabalho enquanto procurava os locais e momentos descritos pelas crianças”, descreve a artista, que destaca os “tantos lugares especiais […] da serra ao mar” que os alunos que lhe indicaram. “Foi uma experiência muito libertadora, mas também muito movimentada”, conclui Roísín.

A iniciativa realiza-se de 9 de Abril a 1 de Maio, em Leiria, no Largo Papa Paulo VI, sendo a segunda mostra no Bombarral na Praça do Município, de 7 a 29 de Maio. Na Praça José Máximo da Costa, na Lourinhã, entre 4 e 26 de Junho, dar-se-á a terceira exibição. Termina entre 2 e 24 de Julho em Torres Vedras, no Largo Jaime Baptista da Costa.