Economia
Fluxe anuncia nova ronda de investimento para revolucionar detecção de danos com IA
Startup de Leiria que criou uma solução baseada em Inteligência Artificial (IA) para detecção de danos, destinada ao mercado automóvel, rent-a-car e serviços de assistência após-venda
A Fluxe Insurance Software, startup de Leiria que criou uma solução baseada em Inteligência Artificial (IA) para detecção de danos, destinada ao mercado automóvel, rent-a-car e serviços de assistência após-venda, anunciou uma nova ronda de investimento para revolucionar a localização de estragos em veículos, com inteligência artificial (IA).
Com esta operação de financiamento, a Fluxe viu o seu capital ser reforçado com a entrada de dois novos parceiros - a insurtech Toolto e a empresa de capital de risco Olisipo Way - e por um reforço por parte da Void Software.
Esta softwarehouse de Leiria já havia sido a parceira inicial da startup tecnológica e continua a apostar no seu potencial.
Agora, o objectivo da empresa é continuar a desenvolver e expandir as áreas de aplicação da sua tecnologia e lançar o produto nos mercados europeu e norte-americano.
Este reforço de capital irá permitir acelerar o desenvolvimento do algoritmo para detecção de danos em veículos com software auxiliado por IA, bem como o reforço da equipa.
“A Toolto é uma tecnológica portuguesa ligada já ao sector segurador e investida por capital francês, enquanto o outro investidor é um fundo de capital de risco, também português, a Olisipo Way, que já investiu em cerca de seis dezenas de empresas tecnológicas”, sublinha Nuno Órfão, que, em conjunto com João Alves, fundou a Fluxe.
Este responsável adianta que esta fase da vida da empresa resulta de um intenso trabalho de divulgação para mostrar ao mercado as mais-valias da solução desenvolvida pela startup de Leiria.
“Temos um produto interessante, mas precisávamos de acelerar o desenvolvimento, e, para isso, são necessários recursos. Estas três entidades acreditaram no projecto”, resume.
O investimento, explicam os sócios, “é significativo” e o próximo passo será o desenvolvimento da actual solução baseada em algoritmos de machine learning e que foi criada para avaliar os danos em pára-brisas, estendendo a sua utilização à avaliação de danos em carroçaria.
“Numa primeira fase, ela identificará e quantificará a quantidade de danos que o veículo tem e a seu grau de severidade. No futuro, a solução irá também orçamentar as reparações. É um mercado com uma dimensão bastante relevante a nível mundial - cerca de oito mil milhões de dólares, segundo diversas fontes oficiais - e, portanto, com potencial para diversos players operarem em simultâneo”, afirma João Alves.
O processo de análise continuará a ser baseado no mesmo algoritmo de IA, baseado em machine learning, que identifica danos em superfícies transparentes.
Neste momento, a tecnologia está a ser aplicada aos vidros.
O que a equipa da Fluxe vai fazer a partir de agora, será o alargamento dessa utilização para toda a carroçaria.
“Naturalmente, não estamos a falar do mesmo tipo de superfícies e as imagens serão necessariamente diferentes. Há menos transparências, porém, há mais partes do carro para serem analisadas. Anteriormente, sabíamos que a análise era feita apenas no vidro, contudo, agora temos os vários componentes que constituem a viatura, das rodas, aos faróis, aos pára-choques, às embaladeiras e às portas. Portanto, temos de conseguir caracterizar isso tudo e de identificar danos nessas peças. É isso que se pretende fazer com este levantamento de capital. Nesta fase, este é o problema que temos para resolver”, resume Nuno Órfão.
A expectativa dos clientes da Fluxe e de restantes operadores é ter uma “solução completa” e, como tal, esta é uma oportunidade de negócio que não pode ser desvalorizada.
“Será uma solução completa para vistorias, para peritagens, mas não só. Será também útil para a mobilidade automóvel e, essencialmente, para as empresas de aluguer de veículos, as rent-a-car. Não nos queremos cingir ao mercado segurador, queremos também abrir uma frente no mercado de rent-a-car, que tem um potencial muito grande”, adianta João Alves.
O funcionamento numa situação de aluguer de veículos é diferente daquele que é empregue numa seguradora, mas o princípio é o mesmo: identificar o dano.
“Mas será no acto de entrega da viatura e da sua saída, o check-in e o check-out, com comparação de imagens e de informação.
A rent-a-car poderá, assim, acelerar o processo e minimizar o erro”, exemplifica Nuno Órfão.
Além disso, o serviço fora de horas também poderia ser beneficiado.
“A comodidade do cliente é essencial e a solução da Fluxe também poderá ser muito importante para a transparência do processo, ao facilitar ao utilizador um relatório, no seu telemóvel ou no seu e-mail, sobre o estado do veículo quando foi levantado e no momento da entrega”, ilustra João Alves.
Os 12 meses do prazo destinado à nova solução, reconhecem ambos, é “relativamente curto”, tanto mais que será empregue para alcançar os primeiros resultados do algoritmo e, a seguir, continuar a conquistar mercado.
“No fundo, é algo que já temos feito nos últimos dois anos. Vamos aumentar a equipa com programadores e equipa de marketing e teremos um suporte grande do nosso sócio Void”, destaca Nuno Órfão.
Actualmente, a Fluxe audita prestadores de vidros, ou seja, centros técnicos que fazem a substituição de vidros de automóveis, como a Glass Drive, a Carglass, a Express Glass e a New Car.
Desde Agosto de 2022, que a empresa tem o seu software implementado em 350 centros em Portugal Continental e nas Ilhas.
“A nossa solução assenta em dois estados; o Check-in e o Check-out. A seguradora, através da nossa solução, obtém a validação de que realmente o pára-brisas foi substituído”, refere João Alves.
A Fluxe está também a desenvolver um produto que valida o sistema ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), que está instalado nos pára-brisas.
“Tenho 15 anos de experiência no mercado segurador, num departamento de sinistros, e estas soluções nascem dessa experiência, e conhecimento do funcionamento das seguradoras.
Tentei criar algo que as ajudasse em algumas lacunas”, conta João Alves, 47 anos, licenciado em Engenharia Automóvel pelo Instituto Politécnico de Leiria, e que, há alguns anos, teve a ideia de negócio que permitiu criar a Fluxe.