Economia

Fluxe anuncia nova ronda de investimento para revolucionar detecção de danos com IA

16 mai 2024 14:00

Startup de Leiria que criou uma solução baseada em Inteligência Artificial (IA) para detecção de danos, destinada ao mercado automóvel, rent-a-car e serviços de assistência após-venda

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Nuno Órfão, à esquerda, e João Alves são os fundadores da Fluxe
Jacinto Silva Duro

A Fluxe Insurance Software, startup de Leiria que criou uma solução baseada em Inteligência Artificial (IA) para detecção de danos, destinada ao mercado automóvel, rent-a-car e serviços de assistência após-venda, anunciou uma nova ronda de investimento para revolucionar a localização de estragos em veículos, com inteligência artificial (IA).

Com esta operação de financiamento, a Fluxe viu o seu capital ser reforçado com a entrada de dois novos parceiros - a insurtech Toolto e a empresa de capital de risco Olisipo Way - e por um reforço por parte da Void Software.

Esta softwarehouse de Leiria já havia sido a parceira inicial da startup tecnológica e continua a apostar no seu potencial.

Agora, o objectivo da empresa é continuar a desenvolver e expandir as áreas de aplicação da sua tecnologia e lançar o produto nos mercados europeu e norte-americano.

Este reforço de capital irá permitir acelerar o desenvolvimento do algoritmo para detecção de danos em veículos com software auxiliado por IA, bem como o reforço da equipa.

“A Toolto é uma tecnológica portuguesa ligada já ao sector segurador e investida por capital francês, enquanto o outro investidor é um fundo de capital de risco, também português, a Olisipo Way, que já investiu em cerca de seis dezenas de empresas tecnológicas”, sublinha Nuno Órfão, que, em conjunto com João Alves, fundou a Fluxe.

Este responsável adianta que esta fase da vida da empresa resulta de um intenso trabalho de divulgação para mostrar ao mercado as mais-valias da solução desenvolvida pela startup de Leiria.

“Temos um produto interessante, mas precisávamos de acelerar o desenvolvimento, e, para isso, são necessários recursos. Estas três entidades acreditaram no projecto”, resume.

O investimento, explicam os sócios, “é significativo” e o próximo passo será o desenvolvimento da actual solução baseada em algoritmos de machine learning e que foi criada para avaliar os danos em pára-brisas, estendendo a sua utilização à avaliação de danos em carroçaria.

“Numa primeira fase, ela identificará e quantificará a quantidade de danos que o veículo tem e a seu grau de severidade. No futuro, a solução irá também orçamentar as reparações. É um mercado com uma dimensão bastante relevante a nível mundial - cerca de oito mil milhões de dólares, segundo diversas fontes oficiais - e, portanto, com potencial para diversos players operarem em simultâneo”, afirma João Alves.

O processo de análise continuará a ser baseado no mesmo algoritmo de IA, baseado em machine learning, que identifica danos em superfícies transparentes.

Neste momento, a tecnologia está a ser aplicada aos vidros.

O que a equipa da Fluxe vai fazer a partir de agora, será o alargamento dessa utilização para toda a carroçaria.

“Naturalmente, não estamos a falar do mesmo tipo de superfícies e as imagens serão necessariamente diferentes. Há menos transparências, porém, há mais partes do carro para serem analisadas. Anteriormente, sabíamos que a análise era feita apenas no vidro, contudo, agora temos os vários componentes que constituem a viatura, das rodas, aos faróis, aos pára-choques, às embaladeiras e às portas. Portanto, temos de conseguir caracterizar isso tudo e de identificar danos nessas peças. É isso que se pretende fazer com este levantamento de capital. Nesta fase, este é o problema que temos para resolver”, resume Nuno Órfão.

A expectativa dos clientes da Fluxe e de restantes operadores é ter uma “solução completa” e, como tal, esta é uma oportunidade de negócio que não pode ser desvalorizada.

É um mercado com uma dimensão bastante relevante a nível mundial - cerca de 8 mil milhões de dólares
João Alves

“Será uma solução completa para vistorias, para peritagens, mas não só. Será também útil para a mobilidade automóvel e, essencialmente, para as empresas de aluguer de veículos, as rent-a-car. Não nos queremos cingir ao mercado segurador, queremos também abrir uma frente no mercado de rent-a-car, que tem um potencial muito grande”, adianta João Alves.

O funcionamento numa situação de aluguer de veículos é diferente daquele que é empregue numa seguradora, mas o princípio é o mesmo: identificar o dano.

“Mas será no acto de entrega da viatura e da sua saída, o check-in e o check-out, com comparação de imagens e de informação.

A rent-a-car poderá, assim, acelerar o processo e minimizar o erro”, exemplifica Nuno Órfão.

Além disso, o serviço fora de horas também poderia ser beneficiado.

“A comodidade do cliente é essencial e a solução da Fluxe também poderá ser muito importante para a transparência do processo, ao facilitar ao utilizador um relatório, no seu telemóvel ou no seu e-mail, sobre o estado do veículo quando foi levantado e no momento da entrega”, ilustra João Alves.

Os 12 meses do prazo destinado à nova solução, reconhecem ambos, é “relativamente curto”, tanto mais que será empregue para alcançar os primeiros resultados do algoritmo e, a seguir, continuar a conquistar mercado.

“No fundo, é algo que já temos feito nos últimos dois anos. Vamos aumentar a equipa com programadores e equipa de marketing e teremos um suporte grande do nosso sócio Void”, destaca Nuno Órfão.

Actualmente, a Fluxe audita prestadores de vidros, ou seja, centros técnicos que fazem a substituição de vidros de automóveis, como a Glass Drive, a Carglass, a Express Glass e a New Car.

Desde Agosto de 2022, que a empresa tem o seu software implementado em 350 centros em Portugal Continental e nas Ilhas.

“A nossa solução assenta em dois estados; o Check-in e o Check-out. A seguradora, através da nossa solução, obtém a validação de que realmente o pára-brisas foi substituído”, refere João Alves.

A Fluxe está também a desenvolver um produto que valida o sistema ADAS (Advanced Driver Assistance Systems), que está instalado nos pára-brisas.

“Tenho 15 anos de experiência no mercado segurador, num departamento de sinistros, e estas soluções nascem dessa experiência, e conhecimento do funcionamento das seguradoras.

Tentei criar algo que as ajudasse em algumas lacunas”, conta João Alves, 47 anos, licenciado em Engenharia Automóvel pelo Instituto Politécnico de Leiria, e que, há alguns anos, teve a ideia de negócio que permitiu criar a Fluxe.