Sociedade
“Gosto de trabalhar os sabores para criar emoções nas pessoas”
Francisco Rosa é mestre destilador na mais sustentável destilaria do mundo
Quando perguntavam a Francisco Rosa o que queria ser quando “fosse grande”, a resposta estava ensaiada e preparada para sair leda da ponta da língua: “enólogo!”.
Tinha necessidade de sentir a textura e o cheiro da terra nas mãos e dela fazer brotar vida. Hoje, vive em Oxford e lidera uma equipa que criou uma vodka orgânica, considerada como a melhor do mundo dois anos seguidos.
É produzida com a chancela da Oxford Artisan Distillery, reconhecida pela sua preocupação com a sustentabilidade. Entre o trabalho que Francisco já desenvolveu está um “whiskey tropical” com sabor que recorda maracujá e ananás.
Nascido numa família de Leiria onde o negócio são as vinhas e o vinho, quando chegou a hora de escolher o percurso académico, ninguém estranhou que optasse pelo percurso na Faculdade de Agronomia.
“Quando lá estava a estudar descobri que era possível fazer cerveja em casa e aquilo, em especial, o mundo das leveduras, fascinou-me. Comecei a trabalhar, em part-time, numa cervejeira em Lisboa, enquanto estudava as fermentações e percebia como produzir sabores.”
O jovem, agora com 27 anos, admite que até as suas papilas gustativas conspiraram para o levarem para o admirável mundo novo da fermentação de cerveja, numa busca de conhecimento e sabor em vários estágios em adegas de Norte a Sul de Portugal.
Quando concluiu o curso, foi trabalhar na empresa do pai e no mundo da vitivinicultura.
Mas a vontade de encontrar modos de produzir novos sabores impeliram-no a inscrever-se num mestrado em Cervejaria e Destilaria, na Escócia. Porém, nada o preparara para a variedade de sabores que conseguia experimentar com bebidas destiladas como o whiskey, aguardentes ou absinto.
“Escrevi a dissertação a partir do meu trabalho na Oxford Artisan Distillery onde, actualmente, trabalho, sobre a fermentação de whiskey com leveduras selvagens.”
Durante uma semana, percorreu a pequena cidade de Oxford, que o jovem diz ser cosmopolita e pouco maior do que Leiria, porém com muitos espaços verdes e culturais, em busca de amostras de leveduras.
“Elas são fungos que existem em todo o lado, até dentro e fora do corpo humano. A melhor levedura que consegui foi retirada do bigode do meu patrão na época, que deu um sabor a ananás e maracujá ao whiskey.... Foi um whiskey super tropical! Ainda tenho essa levedura guardada no congelador, para um dia a introduzir na produção”, conta.
“Gosto de trabalhar os sabores para criar emoções nas pessoas. Um sabor pode ser tão delicioso que nos altera o estado de espírito.” Ao fim de dois anos e meio, mudou o rumo.
Restaurou uma caravana, despediu-se e partiu para a Noruega onde passou nove meses a aprender novos métodos de destilação. Quando o me
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