Abertura

“Houve alturas em que a aldeia tinha os homens quase todos presos”

25 abr 2024 12:00

 Durante a ditadura militar e o Estado Novo mais de 30 mil pessoas passaram pelas cadeias portuguesas por razões políticas. Entre esses presos, estiveram Leonor Baridó, Hermínia Santos e Joaquim Vieira que recordam ao JORNAL DE LEIRIA os dias de cárcere

Leonor Baridó foi presa em 1973, com 19 anos, e esteve dois meses em Caxias
Leonor Baridó foi presa em 1973, com 19 anos, e esteve dois meses em Caxias
Depois de cumprir 18 meses de cadeia, Joaquim Vieira exilou-se em Paris, onde estava quando se deu o 25 Abril
Depois de cumprir 18 meses de cadeia, Joaquim Vieira exilou-se em Paris, onde estava quando se deu o 25 Abril
DR
Hermínia Santos esteve cinco meses encarcerada com filho de 15 meses
Hermínia Santos esteve cinco meses encarcerada com filho de 15 meses
Maria Anabela Silva

Já passaram mais de 50 anos, mas Leonor Baridó recorda com precisão o que se passou na tarde de 28 de Outubro de 1973, dia de eleições legislativas - “ou uma espécie de eleições” -, quando, com 19 anos, foi presa pela PIDE em frente à Câmara da Marinha Grande.

A residir em Leiria, tinha ido à sua terra natal almoçar com o casal que a criou. Seguia num Fiat 126, sentada ao lado do condutor, quando, numa rua paralela à câmara - “chamávamos-lhe a ‘rua das retretes’” -, apareceu um conhecido, “o Fernandes do MDP/CDE”, a gritar: ‘Isto deu merda. O Quim Carreira [militante do PCP] foi preso”. Uns metros mais à frente, a viatura foi cercada por “três ou quatro polícias”, que a obrigaram a sair.

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