Viver
Jornalistas em palco e o teatro a debater o futuro do jornalismo
O Grupo de Teatro de Jornalistas do Norte apresenta A Noite (a partir de um texto de José Saramago) em Leiria no Teatro José Lúcio da Silva
O jornalista da agência Lusa João Gaspar, que é natural de Leiria, assina a dramaturgia (com Simão Freitas) e tem uma pequena participação em palco. A encenação está a cargo de Leonor Wellenkamp Carretas e de Jorge Louraço Figueira (natural da Nazaré, com uma longa actividade ligada ao teatro). A peça junta mais de uma dezena de jornalistas que discutem a profissão a partir de um exercício de pesquisa da verdade.
Projecto do Grupo de Teatro de Jornalistas do Norte, A Noite chega esta sexta-feira (4 de Outubro) ao Teatro José Lúcio da Silva, em Leiria, com início às 21:30 horas. Baseia-se no texto com o mesmo título, de José Saramago.
“O Teatro Municipal de Matosinhos Constantino Nery desafiou uma dúzia de jornalistas profissionais a montar A Noite, peça de José Saramago que decorre na redacção de um jornal, na madrugada do 25 de Abril, quando os jornalistas são confrontados com o rumor da revolução”, pode ler-se na sinopse. “Seria uma oportunidade de reflectir — em carne e osso — sobre o futuro do jornalismo. Nos ensaios, porém, surgiu um novo rumor: o de que o próprio jornalismo teria morrido. É a tentativa de confirmar (ou desmentir) esse rumor que as pessoas verão nesta Noite”.
No elenco constam Aline Flor, André Borges Vieira, Camilo Soldado, Catarina Ferreira, Dora Mota, Francisco D. Ferreira, João Gaspar, João Nápoles, Joana Ascensão, Jorge Eusébio, Luísa Marinho, Maria João Monteiro, Pedro Emanuel Santos e Simão Freitas.
Escrita em 1979, a obra retrata aquela que foi “a mais bela madrugada” (a madrugada do 25 de Abril) vivida na redacção de um jornal diário de Lisboa, explica o texto publicado pela agência Lusa em Abril deste ano, dias antes da estreia do espectáculo.
A dado momento do enredo, alguém traz o boato da rua: o jornalismo morreu. Já não é 1974, é 2024 e a acção transforma-se perante a plateia.
“É também exercício de autocrítica, sobre que jornalismo nos estão a obrigar a fazer. Há um grito de alerta para a perda de controlo editorial, para as administrações, para os baixos salários, a precariedade. Estamos num período em que o tempo é tão frenético e as condições laborais tão deterioradas que começamos a trabalhar vergados. Nós não queremos trabalhar mais vergados”, adianta Simão Freitas, citado pela Lusa.
O bilhete tem o custo de 10 euros na bilheteira do Teatro José Lúcio da Silva (10,74 euros se comprado online).