Sociedade
Leiria actualiza plano estratégico para 2030
O impacto da futura estação da linha de alta velocidade foi um dos motivos que levaram à necessidade de actualização do documento
O presidente da Câmara de Leiria anunciou esta terça-feira a actualização do documento de reflexão estratégica Leiria 2030, com foco em áreas como a segurança e protecção civil, saúde, ensino e mobilidade, mas aberta a outros contributos.
“Vamos proceder a uma actualização daquilo que são as prioridades para os próximos cinco anos (…), para conseguirmos identificar novos desafios que há cinco anos não tinham sido possíveis de prever”, afirmou Gonçalo Lopes, aos jornalistas, à margem da reunião de câmara, descentralizada em Milagres, justificando a iniciativa com a identificação de novos desafios.
O documento de reflexão estratégica Leiria 2030, datado de Dezembro de 2020, contempla 53 propostas e mais de 100 iniciativas assentes em 11 eixos estruturais.
Defendendo uma cidade mais verde e sustentável e sugerindo a criação de um “grande pulmão” na Mata dos Marrazes, o documento foi liderado pelo ex-governador civil de Leiria Carlos André, após a audição de cerca de 100 pessoas ao longo de quase um ano e pensado para a década 2020-2030.
Gonçalo Lopes explicou que “há algumas mudanças em Leiria que são significativas”, sendo uma delas a futura estação da linha ferroviária de alta velocidade na zona da Barosa, o que “vai mudar por completo aquilo que será o panorama da cidade no contexto da região”.
“Portanto, temos de prever não só acessibilidades, mas também outro tipo de definições estratégicas em termos de organização e de expansão da cidade, novas zonas industriais, zonas logísticas, novas centralidades”, declarou.
Explicando que a alta velocidade “é um dos factores que está na origem desta actualização, mas não é o único”, o autarca socialista referiu, também, a saúde.
“A crise da saúde há cinco anos não era previsível. Hoje, temos centros de saúde sem médicos de família, há necessidade de reforço de investimento no sector público”, disse, defendendo a “aposta muito clara na criação de uma rede mais robusta na área da saúde”.
Esta situação vai obrigar a novos investimentos “na criação de centros de saúde e, eventualmente, alguns de dimensão superior, para poder valer a sua importância em termos de concentração”, esclareceu Gonçalo Lopes.
Quanto ao ensino, o presidente do município apontou a construção de um novo centro escolar, além do de São Romão, a instalar na zona urbana, e de uma nova escola do 2.º e 3.º ciclos, resultado do aumento da população.
No que diz respeito ao ensino superior, Gonçalo Lopes frisou a importância de criação de “uma forte universidade nos próximos anos assente naquilo que é o crescimento da oferta educativa no ensino superior em Leiria”.
Já no âmbito da segurança e protecção civil, o autarca frisou a necessidade de “prevenção de riscos de inundações”, realçando que o município tem de continuar esse investimento, para sublinhar, igualmente, a aposta na videovigilância e a criação da Polícia Municipal, que “também não estava prevista em 2020”.
“Temos mesmo de ter uma visão mais ambiciosa na área da segurança, que irá seguramente ter de ampliar zonas de videovigilância para novas geografias”, afirmou.
O documento de reflexão estratégica Leiria 2030 propunha, por exemplo, a abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil.
“A partir do momento em que há uma decisão de construção de um novo aeroporto [Alcochete] e que há o anúncio de uma linha de alta velocidade que tem extensão em Leiria, ficamos a 30 minutos, 40 minutos dos dois principais aeroportos [Lisboa e Porto], a questão de chegar rápido a um aeroporto fica ultrapassada”, justificou Gonçalo Lopes.
Neste trabalho de actualização, a câmara espera ter contributos de várias entidades e de cidadãos até ao final do mês.