Viver
Magma. A banda que incendiou os bailes dos anos 70 volta hoje a palco
Ganharam fama nas noites e matinés do casino Riomar e esta sexta-feira reproduzem a música dos 70's na Festa do Povo, em Leiria
Depois da insuportável e longa escuridão, o dia inicial inteiro e limpo de Sophia de Mello Breyner. “Havia uma liberdade que só quem viveu é que sabe”, comenta Miguel Jerónimo, teclista e vocalista do grupo Magma, que, logo a seguir à revolução, incendiou os salões de dança.
Inactivo desde 1980, o Magma regressa esta sexta-feira, pelas 21:30 horas, em Leiria. O contexto é a Festa do Povo, um evento de cinco dias com música, teatro e recriações históricas organizado pelo município para os 50 anos do 25 de Abril.
Entre 1977 e 1980, o casino Riomar, na Praia da Vieira, tornou-se a segunda casa de Constantino “Tino” Pereira (voz, guitarra), Jorge “Guima” Guimarães (voz, baixo), Carlos Portugal (bateria), Rogério Fonseca (guitarra) e Miguel Jerónimo (teclas, voz). “Ensaiávamos lá e a partir de Maio começávamos os bailes”. À boleia de êxitos popularizados por Santana, Horslips, Steve Miller Band, Deep Purple, Barclay James Harvest, King Crimson ou Orchestral Manoeuvres in the Dark, viveram-se noites e matinés para mais tarde recordar.
“Nem imagina as histórias”, diz Miguel Jerónimo, actualmente investigador aposentado do Politécnico de Leiria. Em contraste com o tempo do meninas para um lado, meninos para o outro, os slows tornaram-se obrigatórios no repertório de raiz anglo-saxónica, com algum Brasil à mistura. “A luz não era muita e as pessoas estavam sempre à espera que houvesse esse momento. Era uma forma de se conhecerem”.
Em palco, a banda tocava as canções de que mais gostava. “O que eu fazia, normalmente, era gravar todos os dias duas horas de Rock Em Stock, que era o programa [de rádio] mais inovador, e depois seleccionávamos as que nos agradavam”.
Num colectivo com três elementos de Leiria e dois da Vieira, todos tinham outras profissões. A loja de instrumentos musicais gerida por Jorge Guimarães garantia o acesso a equipamento de topo. E, fora da Riomar, os espectáculos aconteciam um pouco por toda a região. “Não cobrávamos barato. Tínhamos uma legião de fãs que nos seguiam”.
Hoje, no Largo do Papa Paulo VI, Carlos Portugal (bateria), Rogério Fonseca (guitarra) e Miguel Jerónimo (teclas, voz) vão contar com Rui Vicente (guitarra), José Abraúl (bateria e percussão), Ângelo Cardoso (baixo), João Portugal (teclas e voz) e Jorge Humberto (voz), num alinhamento totalmente preenchido por sonoridades dos anos setenta.
Também esta sexta-feira, às 22:30 horas, a Festa do Povo conta com a Orquestra Jazz de Leiria acompanhada por Samuel Úria, num alinhamento que reúne um best of dos seus temas e reinterpretações de temas associados a Zeca Afonso, Sérgio Godinho, José Mário Branco e Fernando Tordo.
Já no dia 27, sábado, no mesmo local, é Inês Apenas que canta Zeca Afonso. “Versões diferentes, mais pop”, por exemplo, “Os Bravos” com “batida reggaeton” ou o “Grândola, Vila Morena” cheio “de auto-tune”, entre outros clássicos, como “Milho Verde” ou “Maio Maduro Maio”, adianta a artista de Leiria, que será acompanhada por Malva, Joana Rodrigues e por duas convidadas: Bia Maria e Inês Monstro. Um elenco cem por cento feminino. “Achei importante lembrar que também as mulheres se emanciparam e tiveram de lutar imenso para conseguir um lugar mais justo e digno na sociedade”.
Antes, pelas 18 horas, a Catraia canta Abril.
Ainda no sábado, mas no Marachão, há fados com Elsa Gomes.
E, em Peniche, A Garota Não, depois das 22 horas, no Campo da República.
Domingo, além dos Índios da Meia Praia, no Marachão, às 15 horas, e da Banda Kroll, que às 17 horas encerra a Festa do Povo no Largo do Papa Paulo VI, nota para o programa “Freedom, Libertad, Liberté, Liberdade!” pela Banda Sinfónica de Alcobaça, às 18 horas, no Cineteatro João D’Oliva Monteiro, em Alcobaça.