Economia

Manuel Caldeira Cabral: "Na região de Leiria há grandes empresas com muito conhecimento de engenharia"

14 jul 2017 00:00

Muito concentrado no apoio às empresas em dificuldades, o ministro da Economia aponta baterias ao crescimento da internacionalização e à inovação. Quer o País a criar valor, para que ele fique em Portugal.

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Lurdes Trindade

Um ano após o seu início, o Capitalizar tem novas linhas de apoio às empresas. Quais as principais nuances em relação ao passado?

É um programa que responde a um problema estrutural que existia na economia portuguesa, em que muitas empresas, na sequência da crise, ficaram muito endividadas e em risco de caminhar para uma situação de insolvência. Há um grande conjunto de linhas de apoio que tem vindo a ser apresentado ao País para empresas em dificuldades ou empresas que estão bem, que têm um forte potencial de crescimento mas estão a crescer abaixo do seu potencial e apesar de saudáveis não encontram financiamento. Tem também um conjunto de medidas de reestruturação das empresas, onde realço uma, que vai começar a funcionar até ao final deste ano, que é um mecanismo de aviso prévio, de early warning, em que cruzamos os dados do Banco de Portugal, das empresas e de informação empresarial para criar uma base de dados que nos permita avaliar a situação financeira das empresas. Estes dados, reservados, serão comunicadosaos gestores e aos proprietários das empresas. Muitas empresas vão caminhando para alguma degradação da sua solidez financeira sem terem consciência dela. Muitas vezes nem se fala dela. Há casos em que são os próprios donos a tratar da parte financeira e de contabilidade. Com este instrumento, os empresários ficam com uma noção clara da situação financeira das suas empresas, comparam com outras empresas do sector e podem sair mais cedo das dificuldades, capitalizando-as, tomando medidas de poupança de custos, de reestruturação e de reequilíbrio da dívida. Actuar preventivamente e não deixar as empresas chegar a uma situação mais difícil… depois todas as soluções à sua volta se começam a fechar.

Para as empresas que já estão numa situação difícil, há também um novo mecanismo voluntário de reestruturação?

Sim, através do RERE as empresas podem renegociar com os credores os seus créditos, com prazos mais longos, com taxas de juro mais baixas, ou com alguma redução de dívida. Criamos também a figura do mediador de crédito, certificado pelo IAPMEI, que pode ser muito importante para as pequenas e médias empresas, principalmente as indústrias, que sendo muito boas no que fazem na parte industrial, também têm, às vezes, poucas competências na área financeira. Quando chegam a uma situação mais problemática, não têm internamente pessoas que consigam fazer um diagnóstico e dialogar de igual para igual com instituições financeiras, com a banca, entre outras…

A internacionalização das empresas representa uma fatia importante deste programa…

O financiamento é muito importante no momento em que as empresas estão a ver o mercado a crescer. Com os esforços de internacionalização que já fizeram, estão a conquistar novos mercados, sendo determinante dar-lhes condições financeiras para poderem ir a novos a contratos e dar passos maiores. E para poderem investir. Muitas estão a chegar ao limite da sua capacidade e precisam de investir mais e criar mais empregos. É o que queremos que aconteça na economia portuguesa. Estamos a dar-lhes instrumentos de financiamento com prazos que podem ir até aos seis anos, e em alguns casos até mais, para financiar a actividade e servir de fundo de maneio.

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