Desporto

Mário Matias, o sacrifício do Sporting e o parto com dor da União de Leiria

23 abr 2016 00:00

Faz agora meio século que Mário Matias teve de tomar uma decisão que mudou para sempre o desporto na cidade. Para nascer a União de Leiria aceitou fazer morrer o Sporting Leiriense.

mario-matias-o-sacrificio-do-sporting-e-o-parto-com-dor-da-uniao-de-leiria-3861

Unionistas e sportinguistas, esta história é para vós. Faz agora 50 anos, cinco longas décadas, que com o firme propósito de unir a cidade, um clube morreu para que outro nascesse. No dia em que o Sporting Clube Leiriense pereceu, nasceu de parto difícil a União Desportiva de Leiria.

Mário Matias era então o líder da filial 81 do clube dos viscondes de Alvalade. Entre Leiria e o Sporting não foi uma opção difícil, mas foi dolorosa.

Toda esta narrativa começou oito anos antes, com a inauguração do Estádio Municipal Dr. Magalhães Pessoa. O problema é que havia três clubes para utilizar o campo, mas o relvado não suportava a sobrecarga que advinha da utilização do recinto por parte do Sporting Leiriense, do Leiria e Marrazes e do Coliponense.

Solução: os treinos e os jogos eram no pelado. “Tínhamos uma boa sala de jantar, mas era só para as visitas. Nós comíamos na cozinha”, recorda o presidente da Fundação Caixa Agrícola.

De tal forma que… “Lembro-me de ter tido autorização para fazer um jogo no relvado, mas o vereador do Desporto passou-me um bilhete com a recomendação de não se pisar o meio campo, que era a zona mais degradada. A recomendação trazia, pois, uma táctica para jogar pelos extremos.”

Não podia ser. Os clubes militavam nos distritais, apresentavam resultados modestos e não era possível projectar nada com uma condicionante daquelas. Os treinos iam pela noite fora, com muito esforlo e poucos resultados. O que se pensou? Em fazer uma fusão entre os três emblemas que jogavam à bola na cidade.

“Até se quis comprometer o próprio Ateneu Desportivo de Leiria, que se tinha formado através da fusão dos intelectuais da Assembleia Leiriense, com os desportistas do Gimnásio Sportivo Lys e do Leiria Gymnásio Clube, conhecidos como broas e papo-secos, mas não quiseram para não comprometerem a sede. Ficaram de fora, mas declararam nunca mais ter futebol.”

O Leiria e Marrazes também não quis aderir ao projecto e disse que deixava o relvado em paz se os ajudassem a construir um parque de jogos na aldeia, parque esse que viria a ser fundado em 1969. Restava o Sporting Leiriense e o Coliponense. Não. Restava o Sporting. “Na hora de fazer o acordo, o Coliponense, pelas muitas dificuldades por que passava, tinha-se extinguido.”

O Sporting Leiriense partiu para a fusão… sozinho. “Se era só para resolver o problema do relvado, que já nem existia, até podíamos ter mantido o nome. É verdade que fomos para a fusão desnecessariamente, mas depois levantou-se a questão de ser Sporting e dos benfiquistas não quererem nada com o clube”, recorda Mário Matias.

“Arranjou-se um clube de cor branca e de nome União, para poder aglutinar toda a gente, e o Sporting de Leiria foi o único que se apresentou à degola.”

Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.