Sociedade
Memorial na Vieira de Leiria congrega reflexão sobre a República
A intenção é a de que o Memorial do Conhecimento se fixe como catalisador de uma cerimónia de comemoração da República
Uma homenagem à República realizou-se hoje junto ao Memorial do Conhecimento, na Vieira de Leiria, Marinha Grande, num acto que pretende lançar a reflexão sobre o estado do republicanismo.
A iniciativa, que decorreu hoje, no 112.º aniversário da Implantação da República, por acção de “um movimento espontâneo”, “não colado a nenhum espectro político” e “o mais republicano e laico possível”, explicou à agência Lusa Fernando Crespo, autor do memorial inaugurado em 2020, então apresentado como uma homenagem ao republicanismo.
“Não me lembro nos últimos anos de, no 5 de Outubro, ter sido feita alguma homenagem à República”, afirmou o artista, justificando assim, em simultâneo, a obra que criou na sua terra natal e o momento de homenagem.
A intenção é a de que o Memorial do Conhecimento se fixe como catalisador de uma cerimónia de comemoração da República.
“Um grupo de amigos, para quem a República significa alguma coisa, quer que aquele passe a ser, sempre às 11 horas do dia 5 de Outubro, o ‘meeting point’ para evocar o ideal republicano”.
Na iniciativa, “toda a gente é bem-vinda” e “quem quiser discursar, discursa”, porque “a República é efetivamente aquilo que quisermos fazer dela”, frisou o escultor.
“Nos dias que correm, não faz mal nenhum evocar a República. Por uma questão cívica e porque há muita coisa que está a descambar”, uma vez que “a democracia tem sido muito maltratada, nomeadamente pelas pessoas que a representam [em Portugal] e, sobretudo, no contexto internacional, com todos os sobressaltos que o mundo tem passado. Estamos a semear muitos ventos e vamos colher tempestades”, antecipou Fernando Crespo.
A escultura da Vieira de Leiria, junto à qual decorreu a cerimónia, simboliza a diferença “entre o homem que está limitado pelo conhecido e que está em risco e o homem livre”.
“Sinto-me responsável e confortado por ter produzido um instrumento de reflexão”, disse o escultor, orgulhoso pela mesma inspirar a reflexão prevista para este dia 5 de Outubro.
“A República merece ser acarinhada e este será, ali, um encontro para refletirmos um bocadinho acerca da República. É quase um paradoxo, mas é hoje um valor em risco”, concluiu.