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Obra da Villa Portela vai a meio. E promete oferecer o que Leiria não tem
Mais de 300 metros quadrados dedicados a exposições de arte contemporânea. Valor da empreitada vai ser revisto face à previsão inicial
No papel, Novembro é o mês previsto para a conclusão da empreitada. No Município de Leiria, acredita-se que até ao final do ano os trabalhos vão mesmo estar praticamente concluídos. E já se olha para a ocupação da Villa Portela, onde está a surgir um centro de artes, vocacionado para a arte contemporânea, que deverá abrir ao público, então, no início do próximo ano.
“Nós temos conversações – ainda agora esteve cá o ministro da Cultura – para que este espaço esteja numa zona de referência para as colecções de arte contemporânea que o país tem”, explica o presidente da Câmara de Leiria. Ou seja, segundo Gonçalo Lopes, uma “porta aberta para que as colecções do Estado de arte contemporânea possam vir a Leiria”.
No antigo chalé construído no final do século XIX, o autarca e antigo vereador da Cultura imagina, por outro lado, obras de “outros museus de arte contemporânea” e lembra que o município também tem uma colecção. “Não é muito extensa, mas já temos algumas peças interessantes”. Os artistas locais seguramente “terão espaço”.
Na Villa Portela, vão ainda decorrer residências criativas, de que podem resultar exposições temporárias.
“Haverá sempre personalidades externas a colaborar na programação, é essa a ideia”, adiantou Gonçalo Lopes, durante a visita efectuada nesta sexta-feira.
A obra vai a meio.
“Do ponto de vista artístico, é importante que haja a participação de um conjunto de curadores que ao longo dos anos que vão passando pela Villa Portela fiquem também embaixadores do próprio espaço”, disse aos jornalistas.
São muitos os que imaginam que o local pode ser, à escala de Leiria, uma espécie de Gulbenkian ou Serralves. E, de facto, o projecto contempla o que a cidade, actualmente, não tem.
Desde logo, a combinação de áreas de cultura com o jardim, onde serão plantadas mais árvores, numa propriedade com 17 mil metros quadrados.
Nos três pisos do edifício principal, o chalé, estão previstas 15 salas, uma biblioteca e um espaço para media arte que totalizam 334 metros quadrados para exposições – o conjunto do edificado chega aos dois mil metros quadrados.
Nas antigas cavalariças, reabilitadas com zonas de trabalho, vão funcionar as residências artísticas.
O projecto prevê um palco ao ar livre junto ao lago, uma plataforma multiusos – para “actividades de exterior”, detalha Gonçalo Lopes, como, por exemplo, “performances de dança ou teatro” – e um miradouro orientado para o castelo.
O presidente da Câmara destaca, por outro lado, o “ambiente de passadiços, de corredores”, e a “interacção diária” que poderá existir para quem quiser simplesmente usufruir do jardim, do parque infantil e da futura cafetaria.
Serão plantadas duas cortinas arbóreas nos limites da propriedade.
A Villa Portela foi adquirida pela Câmara de Leiria em 2017 e está classificada como Monumento de Interesse Municipal.
O investimento para transformação do imóvel – adquirido em 2017 pela Câmara de Leiria – num centro de artes ascende a 2,8 milhões de euros, valor que deverá ser revisto, face ao aumento da cotação dos materiais de construção.
“Uma revisão de preços nos termos do código dos contratos públicos”, confirmou Gabriel Fernandes, director geral da JFM, empresa responsável pela execução da empreitada.
Sem se conhecer, ainda, quanto vai o Município pagar, sabe-se que a estimativa de conclusão da obra, neste momento, aponta para 1 de Novembro de 2023.
“Esta é uma empreitada com alguma complexidade”, comentou o vereador Ricardo Gomes. “Aquando da intervenção deparamo-nos aqui com algumas situações que implicaram rever alguns projectos”.
Os trabalhos começaram no dia 10 de Maio de 2022 e consumiram até à data 25% da facturação prevista, orçamento aplicado, sobretudo, em infraestruturas.
Com 540 dias de prazo de execução estabelecidos no contrato, o vereador com o pelouro das obras municipais na Câmara de Leiria mantém-se optimista: “Julgamos que até ao final do ano a empreitada pode estar num estado praticamente concluído”.