Viver
Palavra de honra | Tenho saudades de ver mais pessoas com um maior espírito de solidariedade nos cargos de poder
Filipe Rocha, músico e produtor
- Já não há paciência... para este sufoco das redes sociais, para esta pressão das novas tecnologias. É aqui que me começo a sentir velho mas, esta adoração dos influencers, esta febre das visualizações e as pessoas serem famosas só porque respiram, aborrece-me.
- Detesto... faltas de educação e faltas de respeito. Não gosto quando o egoísmo da pessoa é tanto que, de repente, as outras pessoas são meros acessórios ou obstáculos para chegarem aos seus objetivos. Detesto a falta do mínimo de empatia pelas pessoas.
- A ideia é... ir vivendo com o máximo de harmonia possível num mundo que nem sempre permite que essa harmonia exista...
- Questiono-me se... nos tempos do liceu, tivesse ido para a universidade para Direito ( como aconselhavam os meus testes psicotécnicos) como teria sido a minha vida. Mas não perco muito tempo com esse pensamento...
- Adoro... Surfar ao final da tarde ( já não o faço há um ano e picos, confesso) mas é um feeling absolutamente maravilhoso. Surfar ao pôr do sol é uma sensação que me transporta quase para outra dimensão. A cor do céu, a praia ( normalmente) já vazia, e és só tu e a natureza. A viagem de volta para casa. É tudo mágico.
- Lembro-me tantas vezes... das pessoas que fui perdendo ao longo da vida. Amigos e familiares que já nos deixaram e que me fizeram ter a sensação que não controlo nada disto, da vida, portanto, é encará-la com essa noção e dar valor às pequenas coisas que vão acontecendo no dia a dia.
- Desejo secretamente... que o meu clube seja campeão. Eu gosto muito de futebol embora me questione muitas vezes porque é que gosto tanto.
- Tenho saudades... da minha adolescência. Eu tive uma adolescência que me deixou muitas boas recordações. Aquele sentimento de que tudo era uma novidade faz-me sentir falta desses tempos. Foi aqui que comecei a tocar nos Phase e foi nessa altura que percebi o que era o mundo da música, tudo era uma novidade e era lindo. (mas esse feeling também passou rápido! Continuou a ser lindo mas também deu para conhecer mais a realidade do que era a indústria musical na altura com as suas qualidades e defeitos)
- O medo que tive... só me consigo lembrar de uma festa de aniversário minha, em que estávamos a beber um copo à frente do bar Cinema Paraíso e o prédio da frente que estava em ruínas colapsou por dentro e o telhado caiu em cima das nossas cabeças. Foi tudo muito rápido e só a minha amiga Catarina Vieira é que infelizmente se magoou um bocado mais a sério ( ainda teve que ir ao Hospital levar uns pontos na cabeça). Mas foi um susto enorme. De acordo com o cenário que me lembro acho que até correu muito bem. Isso e duas ou três quedas no surf que me assustaram a sério!!
- Sinto vergonha alheia... destas novas tendências políticas um pouco por todo o mundo, deste populismo que engana as pessoas, diz-lhes o que elas querem ouvir e só tem como objetivo interesses de enriquecimento pessoal. Tenho saudades de ver mais pessoas com um maior espírito de solidariedade nos cargos de poder.
- O futuro... Deixou de me assustar este ano. :) Uma das coisas que sempre me incomodou na minha vida foi a instabilidade da minha profissão e a incerteza do futuro. Este ano a vida permitiu-me ter uma casa e um emprego fixo e isso faz-me encarar o futuro com outra serenidade.
- Se eu encontrar... uns quadros bonitos e que me digam alguma coisa compro para a minha sala, que está a precisar :)
- Prometo... tentar ser sempre alguém que tenha respeito pelos outros e tentar dar sempre o meu melhor nas várias coisas que vou fazendo na vida.
- Tenho orgulho... no percurso profissional que tenho vindo a ter ao longo da vida. Tenho um orgulho gigante neste projeto que começou em 2023 chamado Omnilab e me tem enchido o coração a cada edição ( Já foram feitas 7) A minha vida profissional começou por tentar tratar de mim, da minha vida e tentar chegar "lá". Não sei se cheguei ou não mas ultimamente tenho estado mais envolvido em projetos em que as outras pessoas é que interessam, e sentir essas pessoas felizes, por qualquer contributo que possas dar para as suas vidas, é maravilhoso, um sentimento sem igual.