Sociedade
Pico nas urgências deixa bombeiros sem ambulâncias
Grande afluência de doentes ao Hospital das Caldas da Rainha deixou as corporações de Óbidos e de Caldas sem macas e ambulâncias disponíveis
Os bombeiros de Caldas da Rainha e de Óbidos ficaram hoje sem ambulâncias disponíveis e a necessitar de recorrer a corporações vizinhas para assegurar o socorro, devido à elevada afluência de doentes na urgência hospitalar, que tem retido macas.
“Estamos muito atrapalhados, porque todas as nossas macas das seis ambulâncias de socorro que temos estão retidas na urgência desde as 13:00 horas e já recusámos serviços, que passámos para os bombeiros de Óbidos”, afirmou à agência Lusa cerca das 15:00 horas Nelson Cruz, comandante dos bombeiros de Caldas da Rainha, no distrito de Leiria.
Com o pedido de ajuda da corporação vizinha e o reforço dos serviços, também os bombeiros de Óbidos ficaram sem macas e ambulâncias de socorro disponíveis, disse o comandante da corporação, Marco Martins.
“Se houver mais pedidos de socorro, não temos ambulâncias e não conseguimos socorrer mais pessoas”, alertaram os dois responsáveis, que terão assim de recorrer a corporações vizinhas para prestar auxílio.
A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste (CHO), Elsa Baião, explicou à Lusa que a instituição, a que pertence o hospital de Caldas da Rainha, continua a registar uma elevada afluência às urgências, como a que se verificava em 26 de Março, quando divulgou um comunicado a alertar nesse sentido.
“As urgências têm estado caóticas e tem havido uma afluência excessiva”, afirmou a administradora, que lembrou que, por ter a funcionar a urgência geral e a Área dedicada a Doentes Respiratórios (ADR), devido à pandemia de Covid-19, existe a duplicação de equipas e meios nas urgências dos hospitais.
Comparando a afluência nas ADR, nas Caldas da Rainha, registaram-se 380 atendimentos em Fevereiro de 2021 e 500 em igual período de 2022, enquanto em Março os números foram de 247 em 2021 e 922 este ano.
A existência de profissionais a gozar férias agrava também os problemas, acrescentou.
Apesar de o CHO ter realizado uma parceria com os centros de saúde para reencaminhar doentes menos urgentes, a quem são atribuídas as pulseiras verdes e azuis na triagem, “não tem havido grande adesão e as pessoas continuam a recorrer às urgências hospitalares”, justificou também.
Questionada sobre as soluções, Elsa Baião esclareceu que “não há nada a fazer enquanto se mantiver este modelo de urgência e enquanto se mantiverem de portas abertas a todos os doentes”, mesmo os menos graves.
Ao prever uma maior demora no atendimento, já em Março o CHO apelou que “os utentes utilizem as urgências hospitalares apenas em situações realmente urgentes” e aconselhou os “pouco urgentes” a recorrer aos cuidados de saúde primários, dirigindo-se ao seu centro de saúde.