Sociedade
Presidente da República defende na Batalha ainda mais força para as forças armadas
Marcelo Rebelo de Sousa diz que as fronteiras de Portugal se estendem hoje até à Ucrânia e considera que construir a paz implica apostar na estrutura militar
Entre a multidão que se reuniu no Mosteiro da Batalha, para celebrar o Dia do Combatente, sobressaía uma bandeira da Ucrânia. E o Presidente da República, que mais uma vez participou nas cerimónias que também assinalam o 104.º aniversário dos combates em La Lys, este sábado, diria mesmo no discurso aos militares que as fronteiras de Portugal, por via da participação em missões internacionais, se estendem hoje muito além da fronteira com Espanha e chegam, por exemplo, ao Leste da Europa e a Kiev. O que implica ainda mais força para as forças armadas portuguesas.
“Reunimo-nos aqui para agradecer à Liga dos Combatentes o que tem feito pelos antigos combatentes. E disse muito bem a senhora ministra da Defesa Nacional, merece ainda mais apoio, merecem todos eles ainda mais apoio, social, sanitário, económico, representando a gratidão da pátria portuguesa”, afirmou, antes de sublinhar o contributo dos que ainda hoje seguem a carreira militar.
“Continuamos a ter combatentes. Às vezes, nós como pátria esquecemo-nos deles, mas são combatentes. São combatentes aqueles que cá dentro combateram nos incêndios florestais, são combatentes aqueles que combateram na pandemia, acorreram a lares, ajudaram nas escolas, organizaram a vacinação, combateram cá dentro como outros combatem lá fora. São combatentes aqueles que estão em prontidão para missões da Nato ou das Nações Unidas ou da União Europeia e agora neste tempo de guerra estão preparados para ir proteger nas fronteiras da Nato e da União Europeia aquilo que são os nossos valores”, notou.
Na próxima semana, parte o grosso de uma companhia do exército português, para a Roménia, “numa missão de paz, de prevenção da paz, de construção da paz”, destacou o Presidente da República.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que “ninguém está longe da guerra” e que “todos devem trabalhar pela paz”, o que implica criar mais justiça, mais crescimento económico, menos pobreza, menos desigualdades mas também “prevenir a paz, fortalecendo e prestigiando as forças armadas”.
“E por isso ouvi, e não posso apoiar mais, o que acaba de dizer a senhora ministra da Defesa Nacional, prevenir e construir a paz é rever aquilo que é defender Portugal, as nossas fronteiras já não são as fronteiras que eram, as nossas fronteiras hoje passam por África, passam pelo Golfo da Guiné, passam pelo Atlântico, passam pela fronteira de vários países da União Europeia e da Nato com a Ucrânia, passam pela solidariedade para com o povo martirizado ucraniano, são as novas fronteiras de Portugal”, referiu durante a cerimónia, concluindo: se queremos prevenir e construir a paz, “temos de dar às nossas forças armadas ainda mais força, mais capacidades na revisão da lei de programação militar e dar muito mais àqueles que a servem”, que são “os combatentes de hoje”.
Para o Presidente da República, trata-se de uma escolha do país, mais do que a escolha de um governante. “Nós portugueses, que estamos, e justamente, tão solidários com o que se passa na Ucrânia, que sofremos, que acolhemos, que integramos, que percebemos que é preciso construir a paz, queremos mesmo construir a paz? E queremos apostar para isso nas nossas forças armadas? Queremos forças armadas ainda mais fortes ou apenas nos comovemos à distância, porque se trata de uma guerra à qual chegamos numa viagem de três dias de automóvel e porque temos entre nós uma amiga e integrada comunidade ucraniana? Se queremos prevenir e construir a paz então temos de apostar muito mais nas nossas forças armadas”.
Na primeira presença no Dia do Combatente enquanto ministra da Defesa, Helena Carreiras falou da primeira prioridade do ministério que agora lidera: “Adequar a defesa nacional à nova realidade de segurança europeia e internacional que decorre desta invasão da Ucrânia pela federação russa”, explicou. Será necessário “aprovar a breve trecho um novo conceito estatégico de defesa nacional a par com a actualização estratégica em curso também na União Europeia e na Nato e reforçar progressivamente o investimento em defesa”.
À saída, aos jornalistas, a ministra assumiu o compromisso e empenho do Ministério da Defesa na implementação do estatuto do antigo combatente e no aprofundamento das medidas que constam do documento.
Antes, no respectivo discurso, o presidente da Liga dos Combatentes, Joaquim Chito Rodrigues, tinha dito que a Liga fará chegar ao Ministério da Defesa propostas concretas sobre matérias de interesse dos antigos militares que não constam do programa do governo.