Sociedade
Professores em greve exigem “respostas concretas” do Ministério da Educação
Docentes das escolas dos distritos a sul de Leiria estão hoje em greve, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos. Em Leiria, por várias escolas, os professores protestaram esta manhã contra a “falta de respostas” da tutela
Cerca de duas dezenas de professores concentraram-se, esta manhã, junto à Escola Básica 2, 3 de Marrazes, em Leiria, em protesto contra a “falta de respostas concretas do Ministério da Educação aos problemas que estão a desvalorizar os profissionais e a afastar os jovens da profissão”.
Os trabalhadores não docentes de todo o País e os professores das escolas dos distritos a sul de Leiria estão hoje em greve, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos, e no Agrupamento de Escolas de Colmeias, em Leiria, os professores fizeram-se igualmente ouvir. Ontem estiveram em greve os profissionais da educação dos distritos a norte de Coimbra.
Os docentes da Escola Básica 2, 3 de Marrazes que se manifestaram à entrada do estabelecimento receberam a visita do secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), que ao JORNAL DE LEIRIA assegurou que “a luta dos professores vai continuar”.
No que respeita aos concursos, o regime apresentado pelo ME, do ponto de vista do critério para a colocação, “mantém o critério da graduação profissional, que é o que os professores defendem”. No entanto, segundo Mário Nogueira, “em relação à chamada gestão dos recursos humanos, é pior do que aquilo que há actualmente”.
“Professores que fiquem colocados muito longe da zona de residência, estão impedidos de, através do regime de mobilidade interna, aproximarem-se da residência. Para quem já está junto à residência, está obrigado a concorrer a quatro quadros de zona pedagógica, o que significa que pode ficar colocado até 150 quilómetros de casa”, explica.
Sublinhando que o ME “continua a não dar resposta ao problema da estabilidade”, Mário Nogueira aponta também o “problema da vinculação e entrada nos quadros”.
De acordo com o secretário-geral da Fenprof, Portugal tem actualmente 15.603 professores contratados com mais de três anos de serviço, no entanto, o ME abre somente 10.700 vagas, o que significa que “cerca de cinco mil professores, embora tenham o tempo de serviço para entrar num quadro, vão continuar a ficar fora dele”.
Os professores reivindicam ainda a contagem integral do tempo de serviço, a eliminação de vagas e quotas, a regularização dos horários de trabalho, a criação de um regime específico de aposentação, a revisão urgente do regime de mobilidade por doença, entre outros.
O sindicato solicitou uma negociação suplementar com a tutela, cuja reunião vai ter lugar no próximo dia 9 de Março. Para amanhã, dia 4, estão agendadas manifestações no Porto e em Lisboa.
As manifestações estavam inicialmente previstas para os dias das greves, no entanto, foram reagendadas para o dia 4 por terem sido decretados serviços mínimos.
“Foram impostos trabalhos forçados aos professores para ontem e para hoje. É uma coisa espantosa, uma greve de um dia ter serviços mínimos. Com isto, muitos professores ficariam impedidos de marcar presença nas manifestações, pelo que deslizámos as manifestações para sábado”, refere Mário Nogueira, cuja expectativa é de que serão “duas grandes manifestações”.