Viver

Quando a língua é o passaporte para a independência

24 jan 2019 00:00

Babel | As aulas de português para falantes estrangeiros tornaram-se um espaço multicultural na Escola Secundária de Pombal. Duas vezes por semana, fala-se indiano, russo ou espanhol nos corredores do espaço.

Fotografia: Ricardo Graça
Fotografia: Ricardo Graça
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Paula Sofia Luz

É uma mistura curiosa que se torna o desafio da vida do professor, Patrício Marques. Uma espécie de volta ao Mundo em duas horas e meia.

Rajni Devi ainda mal fala português. Veio da Índia há pouco mais de um ano, ao lado do marido, Karam Singh, e trouxeram os três filhos adolescentes. Em noites como esta, os dois rapazes e a rapariga acompanham os pais.

Os jovens já se vão desenrascando com a língua, revelando-se uma preciosa ajuda na tradução quando necessário. Ela tem 38 anos, ele 48. Moram na aldeia da Charneca, na periferia de Pombal, e estão felizes com a nova vida: ele é serralheiro numa empresa da região, ela está em casa. “Toma conta das crianças”, explica o marido. “As crianças já são grandes… mas é assim a nossa cultura”, remata Karam. Rajni sorri mais do que fala, enquanto arruma o caderno onde treina a caligrafia: a letra A redonda e grande o bastante, caracteres bem alinhados.

“É praticamente alfabetização, o que estamos a fazer”, há-de contar mais tarde Cristina Costa, professora de francês e responsável pelo Centro Qualifica do Agrupamento de Escolas de Pombal, que, na verdade, tutela este curso de português para falantes de outras línguas.

Duas vezes por semana, entre as 20 e as 22:30 horas, a sala 102 da Secundária de Pombal abre uma janela para o mundo, através dos 25 alunos daquela turma. E o grupo de indianos destaca-se, este ano. Moram todos juntos. No princípio, iam de táxi, mas juntaram as economias e compraram um carro.

Karam e o amigo Neelam Devi, da mesma idade, foram os primeiros a chegar a Portugal. “Vivíamos na Índia com muitas dificuldades”, contam, sem se alongarem em demasiadas explicações. Foi numa reunião de pais na escola Gualdim Pais - onde estudam os filhos - que souberam do curso na secundária. Inscreveram-se todos e são rigorosos na assiduidade.

Aliás, essa é uma característica comum, salienta Cristina Costa. “São alunos que querem mesmo aprender, porque precisam de dominar a língua. E é tudo diferente”. O professor Patrício Marques, docente há mais de três décadas, soma já meia-dúzia de anos nesta experiência. “É um grande desafio, mas tem sido muito interessante.”

Tem sido professor, tradutor “e um bom amigo”, conta uma das alunas, imigrante há 20 anos em Portugal. 

Aprender a língua 20 anos depois
Na verdade, o que acontece naquela sala 102 não é comparável com nada que se viva noutra sala da escola, no ensino regular. O grupo faz-se de gente muito diversa, culturas díspares e  

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