Sociedade
"Quem é que não quer ajudar o próprio bairro?"
Misael Abreu é o mediador do projecto Redes na Quint@, que a associação Inpulsar leva à Quinta do Alçada.
Cresceu na rua, entre jogos de berlinde e pontapés na bola. Aos 22 anos de idade, conhece o bairro como a palma da mão e tem a responsabilidade de fazer a ligação entre moradores e técnicos da Inpulsar, associação que vai inaugurar um novo espaço de intervenção na Quinta do Alçada, em Leiria. Misael Dinis Silva Abreu é o mediador do projecto. Ou seja, pedem-lhe para construir pontes entre quem está e quem vem de fora.
Se precisar de conselhos nesta missão, Misael sabe que pode bater à porta do pai, Dinis Seabra, que ganhou visibilidade como presidente da Associação Cigana de Leiria. Venderam na feira lado a lado, aventuraram-se na restauração em conjunto e até tentaram a sorte no Brasil, quando a família se mudou para Vitória, a capital do Estado de Espírito Santo. No regresso a Portugal, o mediador do projecto Redes na Quint@ conheceu a mulher, actualmente com 16 anos de idade. Estão casados desde 2013 e já este ano, em Março, tiveram a primeira filha. E numa família cigana, "a filha é a jóia da casa", sublinha.
Além dos portugueses, os brasileiros, marroquinos, imigrantes de Leste e naturais de países africanos de língua portuguesa transformam a Quinta do Alçada no bairro mais multicultural de Leiria. Mas "nunca houve distinção de raças" e todos se dão "com toda a gente", garante Misael Abreu.
Ele próprio é um exemplo de integração. Diz que gosta de "lidar com pessoas" e elogia a educação que os progenitores lhe deram. "O meu pai sempre me ensinou a entrar cada vez mais na sociedade", afirma. Daí os trabalhos por conta de outrem numa fábrica de plásticos, na indústria hoteleira e no comércio de pronto-a-vestir, algo que os ciganos mais tradicionais, provavelmente, não vêem com bons olhos.
Leia mais na edição impressa ou torne-se assinante para aceder à versão digital integral deste artigo.