Sociedade
Questionada sobre lixo de Itália em Leiria, Resilei diz que nunca colocará em risco as populações
Reacção da empresa surge depois de denúncia de moradores do lugar do Picheleiro, que se manifestam preocupados com a chegada de contentores marítimos
Depois de uma queixa à Câmara Municipal de Leiria por parte de moradores do lugar do Picheleiro, a Resilei - Tratamento de Resíduos Industriais, que gere um aterro na freguesia da Maceira, garante que cumpre "todos os requisitos legais inerentes ao desenvolvimento da sua actividade, não tendo, em nenhum momento, incumprido com os devidos licenciamentos ambientais".
Questionada sobre lixo proveniente de Itália, a empresa assegura ainda "que nunca colocará em risco os seus colaboradores ou populações próximas", o que diz poder ser comprovado "periodicamente através das auditorias ambientais efectuadas pelas entidades oficiais".
A reacção da Resilei tem como contexto uma denúncia à vereadora do Ambiente na Câmara Municipal de Leiria, conforme o JORNAL DE LEIRIA noticiou ontem, enviada por moradores do lugar do Picheleiro que referem que "nas últimas semanas têm chegado diariamente dezenas de contentores marítimos à Resilei", alegamente "parte de um total de 1200 contentores, com lixo proveniente de Itália".
De acordo com o texto, "a capacidade de carga de cada contentor é de 28.670 quilos", logo "aproximadamente 34.000 toneladas de lixo", no total, argumentam.
"É com enorme preocupação que eu e outros moradores constatamos a chegada destes contentores. Como é do vosso conhecimento já existe uma pressão enorme na bacia hidrográfica do ribeiro do Picheleiro causada pelo somatório dos impactos da Resilei, Valorlis, e aviários da Lusiaves. Existem recorrentemente derrames de lixiviados no emissário que passa paralelo ao ribeiro do picheleiro que são tão concentrados que matam toda a vegetação onde passam e se infiltram quer no solo quer na linha de água", lê-se na mensagem remetida ao Município.
"Como é do vosso conhecimento a Resilei está preparada para a receção de resíduos não-perigosos. Achamos muito estranho que seja racional pagar o custo de um transporte marítimo, mais um transporte terrestre, mais o valor pago à Resilei para a admissão do mesmo. A nossa convicção é que não estejamos a falar de resíduos banais, mas sim de perigosos", apontam os habitantes do Picheleiro.
Lembram ainda que foi proibida pelo Ministério do Ambiente a entrada de resíduos em Portugal.
"Temos consciência que a Resilei é uma entidade privada mas entendemos que a Câmara Municipal de Leiria, enquanto órgão representante dos cidadãos deverá tomar as medidas que estiverem ao seu alcance para impedir este tipo de actos que prejudiquem o ambiente e consequentemente a qualidade de vida das populações", concluem.